2014-01-20 16:52:13

Cardeal Koch: "As divisões não correspondem à vontade de Cristo. Devemos superá-las com urgência"


Cidade do Vaticano (RV) - Celebra-se no Hemisfério Norte, de 18 a 25 de janeiro, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que neste ano tem por tema "Será que Cristo está dividido?". (No Hemisfério Sul é celebrada entre a Ascensão do Senhor e a Solenidade de Pentecostes - neste ano entre 1° e 8 de junho). Na sexta-feira (17) o Papa Francisco, ao receber em audiência uma delegação ecumênica da Finlândia, encorajou-os "a não desistir nunca" dos "esforços ecumênicos, fiéis àquilo que Jesus pediu ao Pai: que todos sejam um!". A Rádio Vaticano entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, sobre o significado desta Semana:

R: "Eu penso que o tema representa um particular desafio: é tirado da Primeira Carta aos Coríntios e é precedido pelo que diz Paulo: "Um diz eu sou de Pedro, o outro, eu sou de Apolo" e depois segue a pergunta: "Cristo foi dividido?". Obviamente, Cristo nunca poderá ser dividido, nem mesmo o seu corpo poderá ser dividido; mas na história verificaram-se tantas cisões, tanta separações. Esta pergunta provocatória, portanto, deve continuar a colocar no centro do ecumenismo que as separações não podem corresponder à vontade de Cristo, e que devemos superá-las com urgência. Desde criança sempre me tocou muito, na história da Paixão, que os soldados romanos dividiram tudo que era do Senhor, exceto as vestes. Não as quiseram dividir, mas deixá-las inteiras; assim, também elas tornaram-se, na história da Igreja, sinal da unidade da Igreja. Tocou-me, depois, o fato de que nós cristãos fizemos, ao invés disto, aquilo que os soldados não fizeram: rasgamos as vestes do Senhor. Será necessário tanto trabalho ainda para juntá-las".

RV: O que o senhor poderia nos dizer sobre o diálogo entre a Igreja Católica e os irmãos das Igrejas Ortodoxas?

R: "Devemos distinguir o diálogo do amor, isto é, as relações de amizade e de colaboração e de fraternidade seguem muito bem com muitas Igrejas Ortodoxas; eu mesmo visitei, em dezembro passado, a Romênia e a Rússia e mantive contatos com as Igrejas Ortodoxas. No que diz respeito ao diálogo teológico, infelizmente, não se realizou mais nenhuma assembléia plenária desde 2010, mas estamos preparando a próxima assembléia geral a ser realizada na Sérvia, no outono. Recentemente verificou-se um fato que trouxe dificuldades a este diálogo, que é o documento que o Patriarcado russo Ortodoxo publicou sobre o primado, que na realidade é uma tomada de posição no que diz respeito ao diálogo que se desenvolve com todas as Igrejas Ortodoxas. Agora devemos recomeçar a buscar um caminho, dentro desta comissão. Ao mesmo tempo, um Metropolita Greco-ortodoxo tomou posição sobre este documento, abrindo assim um diálogo intra-ortodoxo sobre o primado e me parece que isto seja positivo".

RV: E qual é a situação em relação às Igrejas da Reforma?

R: "Naturalmente, a Reforma é um fenômenos de muitas facetas e tem muitos aspectos diferenciados. Acredito que a Reforma tenha sido diferente na Suiça em relação à Alemanha; a Reforma nos países nórdicos foi mais diferente ainda. De fato, naqueles países nunca houve movimentos populares, mas uma imposição do rei. Então, colocar tudo isto sob a expressão "Reforma 2017" não é algo simples. No entanto, no outono passado, realizou-se um congresso internacional em Zurique para a preparação comum da memória da Reforma dentro do mundo protestante, e penso que isto seja muito positivo".

RV: É competência do Pontifício Conselho, o diálogo com o judaísmo. Este tema será acrescentado à Semana de Oração?

R: "O grande teólogo católico Erich Przywara disse que a primeira grande separação que vivemos no cristianismo foi entre a sinagoga e a igreja e por isto a reconciliação entre judaísmo e cristianismo faz parte dos esforços ecumênicos da Igreja Católica". (JE)









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