Encontro no Vaticano sobre a dependência do álcool, "um problema subestimado"
Cidade do Vaticano (RV) – A dependência do álcool, as implicações éticas e
morais ligadas a este fenômeno e as estratégias de prevenção e cura. Estes foram os
temas que estiveram ao centro da Conferência sobre o consumo prejudicial do álcool,
realizada nesta terça-feira (14) na Casina Pio IV, no Vaticano, organizada pela Pontifícia
Academia das Ciências.
O consumo perigoso do álcool e o alcoolismo representam
“um importante problema de saúde pública e social”. Um problema subestimado – afirmou
Padre Marchelo Sanchez Sorondo, Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências – que
diz respeito a âmbitos cruciais como a família, o contexto de trabalho e social. O
Prof. Emanuele Scafato, Presidente da Sociedade Italiana de alcoolismo, recordou a
urgência em remover o estigma social que etiqueta o álcool como um vício e não como
uma doença:
R:“É uma das mais importantes patologias que hoje, no
setor das dependências, foi identificada como prioritária em termos de discussões
e sobretudo para a individuação de possíveis soluções. A dependência do álcool é definida,
antes de tudo, como uma doença e não como um vício e é, ao mesmo tempo, um problema,
pois expõe a pessoa ao particular risco de não se interessar a uma reabilitação, a
uma vida normal. O sentido de vergonha e o sentido de exclusão que muito frequentemente
envolve a dependência do álcool, criam uma barreira. A isto, depois, se soma uma cultura
do tratamento da dependência que não é ainda um daqueles setores em que exista uma
evidência especial da eficácia do tratamento. Um exemplo: entre os cerca 1 milhão
de dependentes do álcool, estimados na Itália pela Sociedade Italiana de Alcoolismo,
apenas 60 mil procuram algum tratamento. Então, está claro que se trata da ponta
de um iceberg, e que necessita haver uma reviravolta”.
RV: Através que
instrumento preventivos se poderia dar uma reviravolta neste ‘trend’?
R:
“Isto se pode ser feito somente através de uma máxima atenção dada àquela que é
a identificação precoce do risco de álcool correlato, que é a única que pode consentir
ao indivíduo de incrementar a consciência de que o seu modelo de beber é um beber
que, seguramente, está enquadrado em um contexto de patologia e de hábito”. RV:
E entre os desafios determinantes existem aqueles de contrastar o valor atribuído
ao uso do álcool e de reduzir as pressões mediáticas e sociais que incentivam o beber...
R:
“Porque entre o conceito de ‘consumo’ de álcool e ‘uso’ de álcool – portanto uso
com a finalidade de obter reações, ou melhor, efeitos sobre o próprio organismo, que
pode ser a desinibição, a euforia, até chegar até mesmo à depressão, porque o álcool
tem este tipo de parábola – falamos obviamente de algo que foi construído no tempo.
Hoje, nós conhecemos a molécula álcool penetrante: encontramos bebidas alcoólicas
em todos os lugares e o mercado oferece verdadeiramente uma variedade de bebidas alcoólicas,
respeito às quais sobretudo a população mais jovem é atraída, mesmo por poderosas
estratégias de marketing. Assim, pressões sociais para beber, seguramente maiores
que no passado e sobretudo envolvendo uma geração que seguramente é mais vulnerável:
os jovens entre os 18 e 20 anos ainda não amadureceram a capacidade de destruir o
álcool, e portanto, sofrem maiormente os efeitos, sobretudo a nível cerebral, com
uma diminuição das capacidades cognitivas e de memória. Depois, sabemos que o álcool
na direção é a primeira causa da morte entre os jovens na Itália, na Europa e no mundo”.
(JE)