Porto Alegre (RV) - Neste período de Natal somos convidados a contemplar o
ser humano com olhos distintos. De fato, o próprio Deus se faz carne humana, se deixa
envolver pelos panos da fragilidade humana.
No meio da noite, na obscuridade
iluminada somente por uma estrela, o Senhor entra no espaço e no tempo, na história.
Ele se faz visível num rosto frágil de criança! Era uma noite de inverno; fazia frio!
Os pais não encontraram acolhida, onde pudessem obter o necessário para com segurança
e conforto realizar o parto. As legendas falam de uma estrebaria, de um cocho de animais,
onde boi e burro oferecem o calor necessário para a ‘Luz que brilhava na noite’!
O
Natal desperta em nós o desejo de paz, de proteção e amor! Isto porque as celebrações
natalinas nos levam para um tempo no qual também nós experimentamos a necessidade
de paz, proteção e amor. Isto diz de um desejo de viver como criança; diz da restituição
da oportunidade de ainda uma vez, a cada ano, nos ‘tornarmos como crianças’. Pois,
em cada coração humano está latente o desejo de viver como criança, pois a cada criança
se quer bem, pelo simples fato de ser criança! A natureza proveu o ser humano com
a linguagem da ‘criaturalidade’ que, bem entendida, nos leva necessariamente à bondade.
As celebrações do Ano Novo se encontram no contexto natalino. Por isso, continuamos
desejando a quem vamos encontrando votos de uma bom, feliz, abençoado Ano Novo.
A
bondade que se manifesta neste período do ano, diz da possibilidade sempre latente
de compreender mesmo o que, por vezes, aparece como incompreensível; diz que a fragilidade
e a contingencia não podem ser desprezadas ou renegadas; diz que a delicadeza e a
ternura do evento são expressão de possibilidades novas; diz que toda expressão de
vida é destinada a ser boa e não para ser relegada ou destruída; diz que somos e podemos
ser seres humanos, mesmo quando a animalidade parece querer se sobrepor; diz que Deus
assume o incompleto, o não inteiramente formado, o não ainda adulto; diz para olharmos
o futuro com boas expectativas, alegria e esperança!
Sobre cada ser humano,
sobre a existência de cada pessoa brilha uma estrela. Cada ser humano é convidado
a dar ouvidos aos Anjos, a ver o mundo com olhos de ‘anjos’! Os céticos certamente
argumentariam dizendo que o ser humano não pode dar atenção a ‘anjos’, pois a vida
é vã! E eles têm, de certo modo, razão, não fosse o fato de verem as coisas somente
à luz do dia, orientados por um racionalismo exacerbado. Sabemos existirem dimensões
da existência humana, que somente vemos com ‘os olhos do coração’, marcado pelo ardente
desejo de sondar a terra e o céu!
Celebramos o Natal e a entrada do novo ano
com alegria. E a alegria é coisa do coração! Já o senso comum, marcado pelo espírito
da técnica se preocupa com a necessidade de nessa época do ano multiplicar oportunidades
de prazeres... Ora, o prazer é coisa dos sentidos, marcado pela efemeridade, pelo
passageiro.
Oxalá possa o ano de 2014 ser marcado pela alegria. Alegria esta
capaz de sustentar as diversas situações que se imporão no ano vindouro. Alegria que
nos dispõe a trabalhar em prol da fraternidade humana. Sabemos que a disposição alegre
de trabalhar em prol da fraternidade, haverá de favorecer a construção de uma sociedade
caracterizada pela paz. Paz desejada, almejada, querida por todos os homens e mulheres
de boa vontade.