50 anos da visita de Paulo VI à Terra Santa e histórico encontro com Atenágoras
Jerusalém (RV) – Dia 4 de janeiro de 1964, Paulo VI realizava sua peregrinação
à Terra Santa. Era a primeira vez que um Sucessor de Pedro voltava à Terra de Jesus.
Sua peregrinação de três dias representou também a primeira Viagem Apostólica internacional
de um Pontífice na era contemporânea. O atual Bispo auxiliar de Jerusalém, Dom William
Shomali, nos fala sobre este acontecimento histórico para a Igreja católica:
“Lembro-me
muito bem. Era uma manhã muito fria, quando Papa Montini chegava a Belém para celebrar
Missa na Gruta da Natividade. Eu ainda era seminarista e tinha 14 anos. Nós aguardamos
Paulo VI na Praça da Natividade, por cerca de uma hora e meia. Era grande a expectativa
e estávamos ansiosos de ver o Sucessor de Pedro, que visitava a Terra de Jesus pela
primeira vez. Foi um evento extraordinário. Depois, li com calma os seus discursos
e notei que, realmente, eram muito profundos, sobretudo aquele que pronunciou em Nazaré
sobre a família, que ainda é muito atual. A intenção de Papa Montini era fazer uma
peregrinação à Terra Santa. Esta visita abriu os horizontes de uma nova era na Igreja”.
A
peregrinação de Paulo VI teve um forte cunho ecumênico com o encontro que manteve
com o Patriarca Atenágoras I. Este também foi um encontro histórico para a Igreja
Católica.
“È verdade. De fato, a sua peregrinação se revestiu de grande
valor com o abraço ao Patriarca Atenágoras, sobretudo no momento em que, juntos, rezaram
a oração do Pai Nosso no Monte das Oliveiras. Na verdade, o encontro com Paulo VI
foi uma iniciativa ecumênica, que partiu do próprio de Atenágoras”.
Atenágoras
I foi Patriarca de Constantinopla por 24 anos. Seu encontro com o Paulo VI, em Jerusalém,
foi significativo pela anulação das excomunhões do Grande Cisma do Oriente de 1054.
Foi um passo importante para a restauração da comunhão entre a Igreja de Roma e o
Patriarcado de Constantinopla.
Na ocasião, o Papa Montini e o Patriarca Atenágoras
assinaram uma declaração conjunta de União Católico-Ortodoxa, em 1965, contemporaneamente
ao Concílio Vaticano II. A declaração não só acabou com o cisma, mas foi uma demonstração
clara do grande desejo de reconciliação entre ambas as igrejas. (MT)