Rio de Janeiro (RV) - 0 Dentro do tempo do Natal, uma bela festa que em outras
culturas é celebrada com muita solenidade é a Epifania do Senhor. É festa da universalidade
da salvação. Jesus nasceu para todos! O nome Jesus significa "Deus salva". O menino
nascido da Virgem Maria é chamado "Jesus", "porque salvará o seu povo dos seus pecados"
(Mt 1, 21); não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos
ser salvos"(At 4,12).
A Solenidade da Epifania é mistério de luz, indicada
pela estrela que guiou a viagem dos Magos. Mas a verdadeira fonte luminosa, "que das
alturas nos visita como sol nascente" (Lc 1,78), é Cristo. No mistério do Natal, a
luz de Cristo irradia-se sobre a terra. Ele é a luz do mundo!
A Virgem Maria
e José são iluminados pela presença divina do Menino Jesus. A luz do Redentor manifesta-se
depois aos pastores de Belém, os quais, avisados pelo anjo, vão imediatamente à gruta
e nela encontram o "sinal" que lhes fora preanunciado: um menino envolvido em panos
e colocado numa manjedoura (cf. Lc 2,12).
Os pastores, juntamente com Maria
e José, representam aquele "resto de Israel", os pobres, aos quais é anunciada a Boa
Nova. O esplendor de Cristo, por fim, atinge os Magos, que constituem as primícias
dos povos pagãos. Permanecem na penumbra os palácios do poder de Jerusalém, onde a
notícia do nascimento do Messias é levada paradoxalmente pelos Magos, e não suscita
alegria, mas temor e reações hostis. Misterioso desígnio divino: "a Luz veio ao mundo,
e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más" (Jo 3, 1).
Anunciar
e manifestar Cristo ao mundo é o grande desafio para todos os batizados. Muitos ainda
não conheceram a Cristo e a milhares de milhares Cristo ainda não foi manifestado.
Assim como somos guiados pela luz de uma estrela que Deus coloca em nosso caminho,
também somos chamados a refletir esta luz para tantos irmãos e irmãs que necessitam
ter suas vidas iluminadas.
Celebramos, assim, a manifestação de Cristo aos
Magos, acontecimento a que Mateus dá grande relevo (cf. Mt 2, 1-12). O Evangelista
São Mateus narra no seu Evangelho que alguns "Magos" chegaram a Jerusalém guiados
por uma "estrela".
O Rei Herodes permaneceu muito perturbado com a notícia
e concebeu o trágico desígnio do "massacre dos inocentes" para eliminar o rival acabado
de nascer.
Os Magos, ao contrário, confiaram nas Sagradas Escrituras, sobretudo
na Profecia de Miquéias, segundo a qual o Messias teria nascido em Belém, a cidade
de David, situada a cerca de dez quilômetros a sul de Jerusalém (cf. Mq 5, 1). Tendo
partido naquela direção, viram de novo a estrela e, cheios de alegria, seguiram-na
até quando ela parou sobre uma cabana.
Entraram e encontraram o Menino com
Maria; prostraram-se diante d'Ele e, como homenagem à sua dignidade real, ofereceram-lhe
ouro, incenso e mirra.
Esta narrativa real da Epifania é magnificamente importante
porque neste fato é anunciado o chamado a todos os povos à fé em Cristo, segundo a
promessa feita por Deus a Abraão, sobre a qual se refere o Livro do Gênesis: "Todas
as famílias da Terra serão em ti abençoadas" (Gn 12, 3).
Portanto, se Maria,
José e os pastores de Belém representam o povo de Israel que acolheu o Senhor, os
Magos são as primícias das Nações, chamadas também elas a fazer parte da Igreja, novo
povo de Deus, baseado unicamente na fé comum em Jesus, Filho de Deus. A Epifania de
Cristo é ao mesmo tempo Epifania da Igreja, isto é, manifestação da sua vocação e
missão universal, ou seja, católica.
A festa da Epifania nos convida a seguir
o exemplo dos reis Magos, que, guiados pela estrela, seguiram à procura do Menino,
Salvador da humanidade. Agora, Este mesmo Jesus está se revelando para cada um de
nós.
O poder e a realeza de Deus estavam presentes no mundo através de uma
criança aparentemente frágil, porém toda poderosa. E os reis Magos sabiam disso.
Hoje
nós somos convidados a oferecer o que temos de mais precioso: a nossa fé para que
Cristo seja testemunhado, vivido e manifestado ao mundo. Não tenhamos medo de abrir
nossos corações para Cristo. Sejamos, portanto, discípulos-missionários a testemunhar
Jesus Cristo, com a vida e nossa ação pastoral, no mundo em que vivemos.
†
Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio
de Janeiro, RJ