Cidade do Vaticano (RV) -Iniciamos mais um ano civil, o de 2014, sob
a proteção materna de Nossa Senhora, Mãe de Deus, a Teotokos.
É significativo,
dentro do tempo do Natal, em que a terra acolhe o céu e o céu acolhe a terra, com
a encarnação do Verbo Divino, que se fez homem para que os homens se divinizassem,
apesar de não experimentar o Menino Deus nem o pecado original e nem a maldade humana,
celebrarmos aquela que foi o canal para a redenção do gênero humano. Maria é a Mãe
de Deus e, também, é a mãe de todos os seres viventes. Nunca se ouviu dizer que alguém
que a Ela tivesse recorrido não tivesse por ela sido atendido.
Realmente é
nas mãos de Maria que queremos viver todos os dias do ano que se inicia. Ela nos conduzirá
até Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o salvador do gênero humano.
Observemos
bem as palavras que foram proclamadas no Evangelho desta Solenidade: "Quanto a Maria,
guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração" (Lc 2,19).
Nossa
Senhora nos ensina a guardar em nossos corações no ano de 2014 o rosto sereno e radioso
de seu filho Jesus Cristo, o príncipe da paz. Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção,
como cantamos no Salmo Responsorial, e resplandeça sob todos e cada um de nós a luz
divina, que é o Cristo Senhor.
Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o
Senhor. O seu nome será admirável, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz.
E o seu reino não terá fim.
O Papa Francisco nos convoca, com esta solenidade,a
rezar pela paz, na busca da Fraternidade. Como podemos proclamar e pregar a paz se
não há fraternidade nas nossas Igrejas, em nossas casas e em nossos ambientes de trabalho?
O que muitas vezes reina é a vaidade, o orgulho, a avareza, a vontade de ser maior
do que os outros ou pisar ou mesmo destruir os que são mais competentes do que aqueles
que dirigem ou se acham príncipes ou donos da verdade.
Na pedra fria da manjedoura
Cristo nos ensina que só os humildes e os verdadeiramente obedientes na caridade,
no perdão e na acolhida podem ser chamados de filhos da paz. Obediência não é ser
vaquinha de presépio. Obediência não é renunciar a pensar. Obediência é amar e saber
dar amor. Mais do que viver, meditemos nossas atitudes, muitas vezes de guerra e de
destruição de reputações, para podermos viver realmente o Natal e o Ano que se inicia,
na paz que aceita o diferente, que aceita o que questiona, mais que acolhe a todos
como filhos, na diversidade e não na uniformidade que seca o espírito que sopra sobre
a Igreja.
Dom Eurico dos Santos Veloso Bispo emérito de Juiz de
Fora