2013-12-31 13:34:00

Gabão – Apelo da Comissão Justiça e Paz a pôr termo aos crimes rituais


“A vida de todo e qualquer ser humano é sagrada” – É quanto afirma D. Jean Vincent Ondo Eyene, Presidente da Comissão Justiça e Paz do Gabão numa nota difundida por ocasião do dia nacional de oração e luta contra a violência.

O evento ocorrido a 28 de Dezembro - dia em que a Igreja recorda os Santos Inocentes – foi este ano dedicado ao tema dos “Crimes rituais e subdesenvolvimento”, precisamente para sensibilizar a população nacional em relação a estas violências contra a pessoa humana, perpetradas no âmbito da chamada “feitiçaria”.

“Em vez de recorrer à violência – escrevem os bispos do Gabão – Jesus convida-nos à paz e à reconciliação. Com a sua vinda a lei de talhão perdeu o seu significado, pois Jesus recomenda-nos que vivamos segundo a lei do Amor de Deus e do próximo”.

O Gabão – sublinha o prelado – é um país em vias de desenvolvimento, mas infelizmente, o Governo parece olhar unicamente para o desenvolvimento económico, em detrimento de outros aspectos da vida humana. É mais do que nunca necessário – sugere a Igreja local – recordar aquilo que escreveu Paulo VI na encíclica Populorum Progressio: “O desenvolvimento não se limita ao simples crescimento económico. Para ser autentico, o desenvolvimento deve ser integral, o que quer singifica que deve ser orientado para a promoção de pessoa humana no seu todo”.

Uma advertência que não é, infelizmente, ouvida – prossegue D. Eyene na sua nota, sublinhando: “Nos últimos anos, no nosso País, temos vindo a assistir a um desenvolvimento que passa precisamente através da destruição da vida humana” .

Detendo-se, por fim, sobre o aspecto específico do drama dos crimes rituais, o Presidente da Comissão Justiça e Paz, sublinha que, não obstante o memorando assinado em Maio de 2013 no sentido de pôr termo a tais violências, a impunidade continua acompanhada pelo silêncio e pela intimidação”. Consequência: “o direito à vida parece ter deixado de ser inviolável”, enquanto que “numerosas famílias das vítimas aguardam justiça” que deveria vir de “processos que nunca iniciaram”, de “uma tutela jurídica que, aliás, deixou de ser um questão fundamental no país”

Os bispos do Gabão fazem ainda notar que os crimes rituais são devidos cada vez mais à “pobreza extrema”. Importante, por isso, “intensificar a educação da população”, também para não dar fora do país uma impressão errada do Gabão, que tem a ambição de “ser um País emergente”.
A concluir, a Comissão Episcopal Justiça e Paz do Gabão lança um apelo para uma justiça “que respeite os procedimentos e seja capaz de fazer verdadeiramente justiça, tendo em conta o direito inalienável à vida de cada ser humano”.

Foto 1: um aspecto do Gabão, Maratona de 1 de Dezembro.
Foto 2 : um outro aspecto da cidade capital do Gabão: Libreville







All the contents on this site are copyrighted ©.