Porto Alegre (RV) - Iniciando um novo ano, nos damos conta que mais um tempo
passou; passou rápido, devagar de mais? Mas, afinal o que é o tempo? O tempo é algo
tão próximo de nós, e, ao mesmo tempo, tão difícil de definição. “Se ninguém me perguntar,
eu sei; se quiser explicá-lo a quem me fizer a pergunta, já não sei”(Agostinho). Podemos,
talvez, afirmar que as primeiras respostas do ser humano a esta questão, foram forjadas
a partir da observância do ritmo do sol e das estrelas.
Poderíamos também,
talvez, dizer que não temos o tempo, mas é ele que nos possui. Por isso, não podemos
parar o que inexoravelmente passa, mas podemos sempre e de novo aprender a usá-lo!
Assim sendo, a própria possibilidade do novo, nos faz erguer o olhar, alimentar a
esperança, desenvolver a criatividade, vislumbrar novas possibilidades e horizontes.
O novo desperta em nós o desejo de empenhar-se e dedicar-se na construção e realização
do ainda não realizado plenamente, embora talvez, inquiete e angustie. Mas esse é
o caminho da realização e do progresso!
A força da fé nos orienta para perceber
a nossa vida como plena de oportunidades, criatividade, fantasia, possibilidades de
sonhar o novo já em nós, dando-lhe forma segundo os nossos sonhos! Somos seres viventes,
existimos, somos individualidades, participamos da vida, somos únicos! Tudo isto não
nos permite deixar-nos conduzir por determinismos de qualquer espécie. Cada instante
que nos é concedido no tempo, é precioso, tem sabor de eternidade! Desse modo, podemos
compreender e assumir nossa vida como tarefa a ser atuada no tempo, como ofício de
gratidão e realização em lenta construção desenvolvida na oficina do tempo.
É
possível assumir a realidade do tempo como pesadelo ou como plenitude de possibilidades,
pois existe o abismo do tempo e a convocação à felicidade, à realização, à salvação,
à bem-aventurança! O autenticamente novo acontece sempre quando já o buscávamos, o
desejávamos, o sonhávamos! Por isso, quando, nestes dias de Ano Novo desejamos às
pessoas que vamos encontrando ‘feliz Ano Novo’, ‘bom Ano Novo’, na verdade almejamos
o novo, para nós e para os demais; almejamos que este seja conservado para sempre,
de modo que o experimentado no tempo, tenha ‘sabor de eternidade’ e que diminua sempre
mais a distancia entre o céu e a terra, o humano e o divino.
O primeiro dia
do ano é dedicado ao tema da paz! Em sua mensagem para este dia, o Papa Francisco
nos recorda que “Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca. (...)
Fá-lo sem oprimir, sem forçar ninguém a abrir-Lhe as portas do coração e da mente.
(....) Deste modo, cada atividade deve ser caracterizada por uma atitude de serviço
às pessoas, incluindo as mais distantes e desconhecidas. O serviço é a alma da fraternidade
que edifica a paz.
Possa o tempo deste Novo Ano ser rico de boas realizações.
Que o tempo á nossa disposição, seja assumido como possibilidade preciosa de cooperação
na construção da paz e do bem.