Dom Cláudio Hummes: "Francisco e o Natal: os pobres, a paz e a Criação"
Cidade
do Vaticano/São Paulo (RV) – “Francisco e o Natal”: este é o tema inspirador da
reflexão feita em exclusiva ao Programa Brasileiro pelo Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo
emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero.
“Sabemos
que São Francisco de Assis fez o primeiro presépio. Há três pontos que o Papa sempre
cita e que têm tudo a ver com o Natal: o primeiro são os pobres. Nós devemos ir até
os pobres, sermos os irmãos dos pobres, sermos capazes de abraçar os pobres, de consolá-los,
de encorajá-los e de com eles lutar contra a pobreza, a carência e a exclusão, sobretudo.
Jesus Cristo veio para isto e o Papa nos lembra muito fortemente. Este é um aspecto
de São Francisco de Assis: estar ao lado dos pobres, ser uma Igreja pobre. Jesus nasceu
pobre e em meio aos pobres, e os primeiros a visitá-los foram os pobres pastores”.
“O
segundo ponto que podemos acentuar é a paz, que vem da fraternidade, como diz o Papa
na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2014. Jesus Cristo é o Príncipe da paz, veio
reconciliar os homens entre si e com Deus. A paz deve estar baseada na fraternidade,
no acolhimento, na compreensão, no diálogo, no perdão. Jesus Cristo nos faz lembrar
isso tudo com o seu nascimento. Ele veio para restabelecer a paz e São Francisco é
o homem da Paz, como nos diz a oração que lhe é atribuída, “Senhor, fazei de mim instrumento
de sua paz”.
“O terceiro ponto é a natureza, a Criação. São Francisco
chama todas as criaturas de seus irmãos: o sol, a lua, as estrelas, as matas, a água,
o fogo e o vento; mas, sobretudo, os seres humanos. Ele chama até mesmo a morte de
‘irmã-morte’. Isto tudo tem a ver com a fé no Deus-Pai, que é o criador e que ama
sua Criação. Deus não rejeita sua Criação, Ele a ama. Ele nos entregou a Criação para
que cuidássemos dela: para que vivêssemos, sim, dos produtos da natureza, os cultivássemos,
e não os destruíssemos. Tudo isto se relaciona com a vinda de Jesus Cristo, que veio
nos ajudar a colocar de novo tudo na luz de Deus: tudo aquilo que nos é dado na natureza
é um dom, um presente de Deus. Deus Quando Jesus se faz homem, ele é uma espécie de
microcosmo, nele está tudo resumido. Deus, Jesus, se fazendo homem, também envolve
toda a natureza, o respeito e o amor que devemos ter por ela. Devemos louvar a Deus
em nome da natureza”.
“Que este Natal seja para nós um momento feliz
em que Jesus Cristo assume toda a sua Criação na sua humanidade, e nos dá, de novo,
uma esperança para que tudo seja como o sonho inicial de Deus. Nós devemos viver o
Natal este ano neste espírito, de São Francisco e do Papa Francisco, tendo como temas
a fraternidade, os pobres, a paz e a conservação, o cuidado da natureza”.
Ouça
a reportagem completa com Dom Cláudio Hummes, Presidente da Comissão Episcopal para
a Amazônia, clicando acima. (CM)