Arquidiocese de Porto Velho divulga manifesto contra a violência na cidade
Porto Velho (RV) - A Arquidiocese de Porto Velho (RO) emitiu um manifesto sobre
as constantes violências na cidade. No último dia 20, seis pessoas foram assassinadas
em vias públicas e outras vinte ficaram feridas. No texto, a arquidiocese cobra das
autoridades medidas urgentes para conter os atos de violência que colocam em risco
a vida da população. "Precisamos assumir o princípio e a prática de que a fraternidade
é fundamento e caminho para a paz", deseja o arcebispo de Porto Velho, bom Esmeraldo
Barreto de Farias.
Abaixo, a íntegra do texto.
Manifesto público:
"Fraternidade,
fundamento e caminho para a paz" (Tema da mensagem do Papa Francisco para o 47° Dia
Mundial da Paz celebrado em 1° de janeiro de 2014)
1) Os atos criminosos praticados
neste ano em todo o Estado de Rondônia, sobretudo em Porto Velho, revelam a incapacidade
do Poder Público em controlar a violência nas suas mais diversas manifestações, deixando
a sociedade indefesa diante de tamanha barbárie e desprezo à vida humana;
2)
O ano de 2013 iniciou com o trágico assassinato da jovem Naiara Karine Costa Freitas,
estuprada e morta a facadas na Cidade de Porto Velho, e termina com o assassinato
de outra jovem, Katia Maria Saldanha, assassinada no interior do Estado, sendo que
tais homicídios são emblemáticos em demonstrar o desprezo à vida humana e a insegurança
pública em que vivemos;
3) No dia de ontem, 06 (seis) preciosas vidas foram
ceifadas por atos de violência absolutamente incompreensíveis e inaceitáveis, vitimando
outras 20 (vinte) pessoas que sofreram lesões e tiveram suas vidas ameaçadas, segundo
noticiado pela imprensa local;
4) Se não bastasse, agentes públicos (policiais
militares e agentes penitenciários) também estão sendo alvos da escalada de violência
em nosso Estado, a exemplo do PM Osmar Modesto Junior e do agente Luiz Jorge Mondego,
igualmente assassinados;
5) Diante deste cenário de insegurança e medo em que
a população se encontra refém da violência sem qualquer perspectiva concreta de que
a trágica realidade possa dar lugar à paz social, faz-se necessário indagar: onde
estão as reais causas de tanta violência? Precisamos trabalhar as causas para que
as respostas a curto, médio e longo prazo, possam ser remédio que cura e não paliativo
que encobre uma ferida crônica.
6) Aos familiares e amigos das vítimas, expressamos
nossos sinceros sentimentos de solidariedade neste momento de dor.
7) Dos poderes
constituídos, notadamente o Poder Executivo, que tem o dever constitucional de garantir
a segurança pública, exigimos respostas eficientes no controle e na prevenção da violência,
lembrando que a sociedade paga elevados impostos para manter em funcionamento os aparelhos
de segurança, sem o correspondente retorno.
8) Conclamamos a sociedade em geral
no sentido de acolher o espírito da Paz e trabalhar constantemente nos vários ambientes
e meios de comunicação social, a fim de que a cultura da Paz seja predominante em
todos os relacionamentos, inclusive os familiares. Precisamos assumir o princípio
e a prática de que a fraternidade é fundamento e caminho para a paz. Desse modo, estaremos
contribuindo para que cada pessoa seja considerada um irmão a amar e não um adversário
ou inimigo a eliminar. Como afirma o Papa Francisco: “Há necessidade de que a fraternidade
seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada; mas o amor dado por
Deus é que nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade” (Mensagem para o
dia Mundial da Paz 2014);
9) A celebração do Natal nos anime a todos a escutar
e viver a mensagem dos anjos anunciando aos pastores o nascimento de Jesus Cristo:
"Paz na terra aos homens que ele ama" (Lc 2,14).