Porto Alegre (RV) - Estamos nos aproximando da festa do Natal. O tempo que
antecede a festa é marcado por empenhos, preparação, organização, programação, desejo
de encontrar e re-encontrar familiares, amigos, conhecidos. Tais atitudes se fazem
presentes de forma mais intensa e vigorosa no tempo que antecede o Natal e nas próprias
celebrações natalinas. São atitudes que, de certo modo, vem ao encontro de nossos
anseios por um mundo de fraternidade, de ternura, de reconciliação e de paz.
Para
além de nossas opções religiosas, o período do Natal nos recorda o valor do convívio,
da necessidade de cultivar relações de familiaridade, de amizade, de ternura; recorda-nos
a possibilidade de um mundo marcado pela harmonia, pela beleza, pelo encanto, pela
simplicidade; pelo cultivo da dimensão do encontro; encontro entre familiares, amigos,
vizinhos... Tudo isto se expressa nas tantas ceias natalinas, na troca de presentes,
nas visitas, e mesmo pelas férias!
Mas o Natal é, sobretudo, uma celebração
de fé. Fé na encarnação de Deus! Este é considerado o maior evento da história! Evento
marcado por vários símbolos: as velas, as luzes, os ornamentos, a árvore, o boi, o
burro, os pastores, a mulher Maria, o homem José, o menino Jesus. Por trás de todos
estes símbolos está uma compreensão velada em torno da sacralidade da vida. Ora, toda
vida é sagrada. Por isso, na vida do Menino de Belém, a fé celebra a manifestação
da própria vida e de sua sacralidade.
Durante esse tempo nossos olhos estão
voltados para a pequena cidade de Belém. E com os olhos voltados para Belém recordamos
o caminho percorrido pelo povo de Israel. Caminho este, marcado pela expectativa,
pela súplica, pela esperança. Esperança de que os Céus derramassem das alturas o seu
orvalho, e as nuvens chovessem o Justo! E a esperança não decepcionou! O Justo não
só se fez carne de nossa carne, mas passou a caminhar conosco; passou a participar
em primeira pessoa da condição e da história humana: ele se fez o Deus conosco! Não
estamos sozinhos!
Somos convidados a fazer o caminho de Belém e ali entrar!
Belém nos recorda nossa humanidade e fragilidade. Por isso, as festividades natalinas
com sua preparação, nos falam da condição humana, marcada por nobreza, dignidade,
fragilidade, possibilidades, e ressuscitam a esperança de um mundo melhor. Através
da mesma somos convidados a preparar “os caminhos do Senhor” e ir ao Seu encontro.
Dele que se faz carne de nossa carne, deixando-se revestir dos panos de nossa fragilidade,
para mostrar-nos sempre e de novo, que na vida de uma criança se manifesta a própria
Vida e a comunicação do próprio Mistério!