Frederico Westphalen (RV) - Somos conscientes de que temos paixões e debilidades;
o nosso coração perturba-se tantas vezes, a dor e os gemidos, as preocupações e os
desânimos fazem-nos esmorecer e a nossa esperança como que se esvai. Precisamos ouvir
palavras de ânimo e de coragem como as que hoje nos transmite a Palavra de Deus: «Tende
coragem, não temais: Aí está o vosso Deus... Ele próprio vem salvar-nos»(1ª Leitura,
Isaías 35,1-6;10); «Esperai com paciência a vinda do Senhor»(2ª Leitura, Carta de
São Tiago, 5,7-10).
Jesus, ao longo da sua vida pública, aviva e revigora continuamente
a esperança dos seus discípulos.
A nossa esperança de ser santos e de ser
eficazes nutre-se da Palavra de Deus, que queremos meditar e levar à prática.
S.
Paulo, na carta aos Romanos, recomenda-nos vivamente: «O Deus da esperança vos encha
plenamente de alegria e paz na vossa fé, a fim de que superabunde em vós a esperança,
pela virtude do Espírito Santo» (Romanos, 15, 13).
Cristo é a nossa esperança.
«Nada nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Nosso Senhor» (Romanos
8, 38 ss.)
A alegria cristã é fruto da esperança, da fé e da caridade. Deus
quer-nos contentes. S. Paulo, nas suas cartas, não se cansa de repetir-nos: «Alegrai-vos,
sempre, no Senhor. Repito: alegrai-vos» (Antífona de entrada).
A proximidade
do Senhor, saber que Ele está perto, que está para chegar Aquele que nos ama, Aquele
a quem amamos, não pode deixar de inundar-nos com uma grande alegria. A segurança
do amor divino, a sua presença no meio de nós não pode deixar de despertar em nós
uma enorme confiança, um gozo e uma enorme satisfação.
«Se Deus é por nós,
quem será contra nós?»(1 Coríntios 8, 31).
A alegria é um dos meios que Deus
nos dá para fazer o bem. «Um filho de Deus, um cristão que vive de fé, pode sofrer
e chorar, pode estar cansado e esgotado, pode ter motivos para ter dor: mas para estar
triste, nunca» (S. Josemaria).
Levantemos os olhos para Maria. Ela é «causa
da nossa alegria», não só pelo seu exemplo, mas porque por Ela nos veio Cristo, o
Príncipe da Paz, a Fonte da alegria e da felicidade para todos os homens. Ele é verdadeiramente
a Boa Nova para um mundo novo. Assim cantaram os Anjos na Noite de Natal. Somos
cristãos e levamos no coração a fé e o amor de Deus como o maior tesouro que nos podia
ser entregue pela graça do nosso Batismo. Este tesouro não nos foi dado só para nosso
benefício. Quando a amizade é verdadeira, surge a abertura e a confidência: nada é
alheio aos verdadeiros amigos e vem a partilha, a comunicação, a inter-ajuda. A amizade
faz-se apostólica, transforma-se em alegria e a alegria torna-se contagiosa. Nós cristãos
temos conosco o segredo da verdadeira alegria.
Levados pelo Espírito Santo,
os cristãos dos primeiros tempos e os cristãos de todas as épocas, também os dos tempos
atuais, procuram levar por toda aparte o fogo do amor de Cristo que levam no coração.
Os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de São Paulo, de São Pedro, de São João trazem-nos
exemplos maravilhosos da intensa atividade apostólica desses nossos irmãos dos primeiros
tempos. Assumamos nós, nos dias de hoje, esta Missão, de levar a alegria de Cristo
ao mundo.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller Bispo de Frederico
Westphalen(RS)