Homenagem do mundo ao ícone da paz e da reconciliação
Joanesburgo - Dezenas de milhares de sul-africanos de todas as raças e vários chefes
de Estado e de Governo despediram-se nesta terça-feira, numa cerimónia com cantos
e dança, de Nelson Mandela, o homem que venceu o apartheid com uma mensagem de reconciliação.
Num dia de chuva, a cerimónia no estádio de Soweto começou com o hino nacional,
"Nkosi sikelel' iAfrika" ("Que Deus abençoe a África"), que foi cantado em homenagem
ao ex-presidente e prémio Nobel da Paz, falecido na quinta-feira passada aos 95 anos. "Na
tradição africana, quando chove isto significa que os deuses estão a te receber e
que as portas do céu provavelmente também estão a abrir-se", afirmou o secretário-geral
do Congresso Nacional Africano (ANC, partido de Mandela), Cyril Ramaphosa. A presidente
brasileira, Dilma Rousseff, esteve entre as autoridades estrangeiras que discursaram
na cerimónia, assim como o presidente americano Barack Obama e o cubano Raúl Castro. Os
outros oradores estrangeiros foram o vice-presidente chinês Li Yuanchao, o presidente
indiano Pranab Mukherjee e Hifikpunye Pohamba, da Namíbia. Quatro netos de Mandela
- Mbuso, Andile, Zozuko Dlamini e Phumla - também pronunciaram os seus discursos na
cerimónia. Dezenas de milhares de pessoas caminharam durante a madrugada para o
estádio Soccer City, no qual Mandela fez a última grande aparição pública a 11 de
Julho de 2010, antes da final da Copa do Mundo de futebol entre Espanha e Holanda. A
celebração abre cinco dias de homenagens antes do enterro, que ter+a lugar no próximo
domingo em Qunu, localidade onde Mandela passou uma infância feliz e que abandonou
após a morte do pai. Simultaneamente aos actos desta terça-feira foi celebrada
uma pequena homenagem na prisão de Robben Island, onde Mandela passou 27 anos detido
antes de ser libertado em 1990, para ser eleito presidente em 1994 e guiar a África
do Sul para uma transição pacífica do regime racista do apartheid à democracia multi-racial.