Caritas Internacional : Conscientizar a opinião pública sobre o problema do desperdício
de alimento
Cidade do Vaticano (RV) - Eliminar a fome no mundo até 2025. Este é o objetivo
da campanha "Uma só família humana, alimento para todos" lançada, em Roma, nesta terça-feira,
pela Caritas Internacional por ocasião do Dia Mundial dos Direitos Humanos.
Os
membros do organismo caritativo pedem aos vários governos para adotarem um quadro
normativo sobre o direito à alimentação com um convite a conscientizar a opinião pública
sobre o problema do desperdício.
Eis o que disse o Secretário-Geral da Caritas
Internacional, Michel Roy, em entrevista à nossa emissora:
Roy:"Não
se pode viver sem comer e sem beber. Este é um direito reconhecido na Declaração dos
Direitos Humanos 65 anos atrás, mas deve ser transformado em lei nacional. Um país
como o Brasil decidiu fazer uma política chamada "Fome Zero" e as coisas estão mudando.
Se todos os países do mundo tivessem uma lei nacional sobre o direito à alimentação,
os governos se sentiriam mais obrigados a isso. Vejo que em muitos países onde a fome
é forte os governos a consideram coisa normal, porque foi sempre assim. Não! É um
escândalo que as pessoas comam somente uma vez por dia ou até menos. Em todos os países
do mundo, existe este problema. Mesmo aqui na Itália."
Segundo Roy, é fácil
dizer que a fome é culpa dos políticos. "É algo que diz respeito a todos nós. Precisamos
refletir sobre o nosso estilo de vida. Somos solidários com os pobres ou não? Não
podemos fechar os olhos, pelo contrário, devemos responder a este problema. A solidariedade
é fundamental, a fraternidade - tema do Dia Mundial da Paz do próximo dia 1°, é fundamental",
concluiu.
A Rádio Vaticano entrevistou também o Secretário Executivo da Caritas
Senegal, Ambroise Tine, sobre a fome no Sahel. Segundo ele, na base do problema está
a incapacidade dos líderes políticos.
"Eu sempre disse e com convicção que
a África precisa de uma liderança como a de Nelson Mandela, capaz de reconhecer a
dignidade humana e lutar para que cada ser humano tenha acesso aos direitos, sobretudo
ao direito de viver com dignidade, de ter alimento necessário, água, educação e formação
adequada", sublinhou.
O Sahel é rico, mas a população passa fome. "É um escândalo.
Temos de pôr fim a este processo de exploração dos povos africanos. É difícil suportar
a fome, ir para a cama à noite com seus filhos que não têm nada para comer. É um sofrimento
terrível. Faço sempre um apelo para que sejam adotados comportamentos cada vez mais
humanos em todos os níveis. Uma pessoa que passa fome na região do Sahel e vê o desperdício
se pergunta: Mas são humanas essas pessoas que desperdiçam comida, enquanto eu não
tenho o mínimo indispensável?" Concluiu o Secretário Executivo da Caritas Senegal.
(MJ)