Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória
Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II - após termos analisado o contexto e os
diferentes elementos que criaram condições para a sua realização, vamos recordar hoje
a convocação do Concílio.
Analisando o contexto da Igreja no final do Pontificado
de Pio XII, a convocação de um Concílio era improvável e mesmo imprevisível. A teologia
romana dominante, após as definições do Primado de Pedro e da infabilidade do Magistério
do Romano Pontífice promulgadas pelo Vaticano I, julgava que o Papa poderia resolver
com seus auxiliares imediatos os problemas da Igreja universal.
A eleição de
um pontífice idoso tornava tal fato ainda mais improvável sem falar do clima de incerteza
do pós-guerra. No entanto, João XXIII, desde os primeiros dias de seu pontificado,
já conversava com seus auxiliares mais próximos sobre a possibilidade de convocar
um Concílio.
25 de janeiro de 1959, Sala Capitular da Abadia de São-Paulo-fora-dos-muros.
Diante dos Cardeais da Cúria, na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos,
o Papa João XXIII anuncia, inesperada e solenemente, o desejo de convocar um Concílio
Ecumênico. A opinião pública foi surpreendida!
João XXIII tinha em mente não
apenas «o bem estar do povo cristão», mas também um convite às «comunidades separadas
para a busca da unidade». Sem consultas prévias aos Bispos da Igreja universal, como
tinha feito Pio IX antes da convocação do Concílio Vaticano I, João XXIII decide esta
convocação «por uma repentina inspiração de Deus», apelidando este Concílio como «flor
espontânea de uma inesperada primavera».
O anúncio público do Concílio, no
entanto, foi feito na Praça São Pedro durante as Vésperas da Solenidade de Pentecostes,
em 17 de maio de 1959:
“No final de janeiro, por ocasião da Festa da conversão
de São Paulo, anunciávamos o projeto da celebração de um Concílio Ecumênico, que deverá
convocar, como em Pentecostes, antes de tudo os Bispos da Igreja, que tem comunhão
com a Sé Apostólica. De imensa e profunda preparação reservada com a ajuda do Senhor,
à grande santificação do clero, à santificação do povo cristão e encorajante para
aqueles que elevam pensamentos de fé e de paz.
Assim, na data de hoje,
17 de maio de 1959, Festa de Pentecostes, no primeiro ato deste extraordinário empenho
preparatório, isto é, o anúncio da comissão também preparatória do grande acontecimento.
É
uma primeira introdução, isto é, o início de uma série de atos e de constituições,
que supõe preparação de pesquisas e estudos imensos, a que poderá dar hoje todas as
línguas da terra. É bem natural que para tudo isto ocorram longos meses de difusa
elaboração.
Teremos tempo e modo de retornar a este tema reservado a
comover o céu e a terra”. (JE)