Exemplo de Mandela a favor da não-violência e da reconciliação recordado por Papa
Francisco
O Papa Francisco exprimiu as suas condolências ao presidente sul-africano, Jacob Zuma,
pela morte de Nelson Mandela, antigo chefe de Estado, elogiando o legado de “não-violência”
deste Prémio Nobel da Paz. O telegrama de pêsames destaca o “firme compromisso”
de Mandela na promoção da “dignidade humana de todos os cidadãos da nação” e na edificação
de uma “nova África do Sul, construída nos firmes fundamentos da não-violência, reconciliação
e verdade”. “Rezo para que o exemplo do antigo presidente inspire gerações de sul-africanos
a colocar a justiça e o bem comum diante das suas aspirações políticas”, acrescenta
o Papa, a respeito de Nelson Mandela, que morreu esta quinta-feira, aos 95 anos. O
telegrama manifesta “tristeza” perante a notícia do falecimento e envia “condolências
e oração” à família de Mandela, aos membros do Governo e ao povo da África do Sul “Invoco
sobre toda a população da África do Sul os dons divinos da paz e da prosperidade”,
conclui o Papa. Entretanto as autoridades sul-africanas anunciaram que o funeral
de Estado terá lugar no domingo 15 de dezembro. Aguarda-se a participação de chefes
de Estado vindos de todas as partes do mundo. Nelson Mandela foi presidente da
África do Sul entre 1994 e 1999, após liderar as negociações para o fim do Apartheid,
uma luta que lhe valeu mais de 27 anos na cadeia e que seria reconhecida com o Nobel
da Paz, em 1993, juntamente com o antigo presidente Frederik Willem de Klerk. Enquanto
presidente, Mandela recebeu o Papa João Paulo II na África do Sul, em setembro de
1995. “Hoje, a África pede que a estimem e amem pelo que é. Não pede compaixão,
pede solidariedade. Esta mensagem, recolhi-a em todo o lado, e em particular no encontro
com Nelson Mandela, o homem que guiou a superação do Apartheid, interpretando o desejo
do seu povo e de toda a África de renascer na pacificação e na colaboração entre todos
os seus filhos”, diria o Papa polaco, após a viagem, no ângelus
de 24 de setembro desse ano. O legado de Mandela foi recordado também por Bento
XVI, Papa emérito, quando recebeu o novo embaixador da República da África do Sul
junto da Santa Sé, em setembro de 2009. “A transição rápida e pacífica da África
do Sul para o governo democrático foi amplamente aclamada, e a Santa Sé tem acompanhado
com interesse e encorajamento este histórico período de transformação. Ninguém pode
duvidar que uma boa parte do crédito pelo progresso alcançado é devida à maturidade
política e às qualidades humanas extraordinárias do ex-presidente, senhor Nelson Mandela”,
disse. Segundo Bento XVI, Mandela “foi um promotor do perdão e da reconciliação”,
o que lhe mereceu “um grande respeito tanto no seu país como no seio da comunidade
internacional”. (PG, com Ecclesia)