2013-12-05 14:31:21

Moçambique deve ser protegido, não destruído - D. Elio Greselin, Bispo de Lichinga


O encerramento do Ano da Fé, foi uma ocasião para a Diocese moçambicana de Lichinga realizar, em Cuamba, de 21 a 24 de Outubro, o Conselho Pastoral Diocesano e reflectir mais uma vez sobre a situação que o país está a viver, pondo em foco o papel da Igreja na construção duma nação pacífica à luz do Evangelho.

Num documento publicado por essa ocasião, e a que tivemos acesso há poucos dias, o Bispo da Diocese, D. Elio Greselin detém-se sobre a situação de Moçambique e da África em geral, sublinhando que à luz da fé, os Bispos da Conferência Regional da África Austral (IMBISA) que esteve reunida em Gaborone de 11 a 15 de Novembro, querem fazer uma leitura correcta da África de hoje.

Juntando a sua voz à da Conferência Episcopal moçambicana, os bispos da IMBISA, de que o Moçambique faz parte, exprimiram preocupação em relação à situação que se tem vindo a viver nos últimos tempos em terras moçambicanas, onde “acções de guerra, roubos, violências, por parte de bandos armados (…) estrangulam o povo sob o olhar e um Estado ausente e dissolvido no nada”. Voltou-se a ver “grupos de refugiados que, para fugir perante o horror da guerra, acabam em condições ainda piores daquelas das quais fugiam”

A Igreja permanece a única instituição que tem verdadeiramente a peito a situação da população – escreve D. Elio, sublinhando contudo que os bispos do país se sentem sem forças e por vezes com a sensação de que as suas exortações não são ouvidas. Mas não deixam cair os braços. Continuam a pedir ao Estado e ao Presidente da República para retomarem a sua tarefa de garante da “Unidade Nacional ameaçada pela intolerância entre os partidos e bandos armados ao serviço de poderes estranhos ao país”, pois que “Moçambique deve ser protegido, não destruído”.

No acima mencionado documento, D. Elio Greselin em linha com os outros bispos de Moçambique e da IMBISA alarga o olhar para toda a África, continente rico humana e materialmente, mas marcado ainda por conflitos e misérias, situações – escreve – que “interpelam a nossa consciência de crentes”, chamados a dar uma resposta a tudo isso “partindo da fé cristã e da natureza da Igreja-Família de Deus”.

Para isso o Bispo de Lichinga põe em evidencia quatro pontos fundamentais: uma renovada proclamação do Evangelho; uma profunda conversão do coração do homem; redescobrir o sentido do sacramento da reconciliação e praticar o dialogo com todos e a todos os níveis.

Com vista à “evangelização em profundidade” tema aliás do Ano da Fé na sua Diocese, D. Elio Greselin chama a atenção para a superação de toda e qualquer forma de discriminação, para a divisão e injustiça no seio da Igreja-Família; para a formação dos leigos, com particular atenção ao matrimónio cristão, à juventude e à mulher na evangelização; assim como para a para a tentação das riquezas e do poder em que nenhum cristão deve cair.

Citando a Exortação pós-sinodal “Africae Munus”, o Bispo de Lichinga recorda que Deus quer que a África seja terra de paz, de segurança e de bem-estar e sublinha que estimulados pelo exemplo do Papa Francisco há que promover o dialogo, sobretudo com o Islão, mas também com as religiões tradicionais africanas e com os novos movimentos religiosos que estão a multiplicar-se pela África toda. Chama também a atenção para a responsabilidade da África no seu próprio desenvolvimento por forma a garantir um futuro melhor a todos os filhos do continente, onde a Igreja não perde a ousadia de falar em defesa do povo.

Foto: D. Elio com uma criança na Diocese de Lichinga








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