2013-12-04 20:07:19

Dom Tomasi sobre uso de drones: "As máquinas não respeitam o princípio de humanidade"


Genebra (RV) - As Nações Unidas usaram pela primeira vez, nesta terça-feira, veículos aéreos não tripulados no âmbito de uma missão de paz na República Democrática do Congo, onde atuam grupos armados rebeldes.

O primeiro voo dos drones foi realizado na capital da província de Kivu Norte, Goma. A Missão da ONU no país, Monusco, afirmou que as aeronaves devem ajudar na proteção de civis.

A notícia abre novas reflexões sobre o uso pacífico de drones usados freqüentemente nos últimos anos para fins militares, com grandes implicações éticas e humanitárias evidenciadas pelo Observador Permanente da Santa Sé na ONU em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Tomasi.

O arcebispo falou durante o encontro anual dos países signatários da Convenção para proibir ou limitar o uso de armas de efeitos traumáticos excessivos ou indiscriminados, como os drones armados. Ele convidou a comunidade internacional a pensar "na incapacidade dos sistemas técnicos automatizados pré-programados de fazer julgamentos morais sobre a vida e a morte, de respeitar os direitos humanos e observar o princípio de humanidade".

"Quando um drone armado é pilotado de milhares de quilômetros de distância, quem tem a responsabilidade das violações humanitárias cometidas através de seu uso? E quando informações vitais relativas ao uso de drones armados não são controladas, como se pode verificar a conformidade com o direito internacional, o direito humanitário internacional e os padrões éticos?", questionou Dom Tomasi.

Segundo o arcebispo, "a falta de riscos militares e a suposta precisão dos drones armados podem induzir a perpetrar ataques mais arriscados para os civis. São fundamentais uma maior transparência e responsabilidade mais clara em seu uso".

É necessário também preparar os operadores remotos de sistemas robóticos e garantir-lhes o "tempo necessário para refletir sobre a decisão a ser tomada diante de uma tela no que diz respeito à vida e a morte."

Quase 30% dos pilotos de drones passam por crise existencial. "Devemos nos perguntar se este contexto de guerra desumanizada pode tornar mais estimulante ir para a guerra", concluiu Dom Tomasi. (MJ)










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