Gozo (RV) – A Pastoral da Igreja para a vida dos migrantes é uma prioridade
que tem um influxo em toda a vida social. Sobre este tema está concentrado o encontro
que o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (Ccee) realiza em Malta desde
esta segunda, 2, até esta quarta-feira, 4 de dezembro, sobre o tema “A pastoral dos
migrantes e refugiados: entre integração e inclusão”.
O objetivo é trocar experiências
e eventuais dificuldades encontradas nas políticas migratórias e na questão da integração
dos trabalhadores imigrantes. Participa do encontro, entre outros, o Presidente do
Pontifício Conselho da Pastoral dos migrantes e dos itinerantes, Cardeal Antonio Maria
Vegliò. O evento teve início com uma visita ao centro de solicitação de asilo, que
neste momento está fechado.
No seu discurso aos participantes o Cardeal Vegliò
falou antes de tudo das dimensões atuais da migração, dimensões sem precedentes e
que tocam todos os aspectos da vida humana. A Organização Internacional para as Migrações
estima que existam hoje cerca de 214 milhões de migrantes internacionais. A esses
devem ser acrescentados mais 750 milhões de migrantes internos, que juntos, oferecem
um quadro alarmante: uma pessoa entre sete está envolvida no fenômeno migratório.
Ainda segundo as estatísticas entre essas há cerca de 42 milhões de pessoas que foram
obrigadas a deixar suas casas. Segundo as previsões, as migrações internacionais,
entre 2050, poderiam se referir a 405 milhões de pessoas.
O Cardeal Vegliò
no seu discurso afirmou que “o chamado ao amor e à solidariedade” em relação aos migrantes
“é responsabilidade de todos”, mas existe “uma responsabilidade maior para aqueles
que ocupam uma posição de administração e de governo, para que se comprometam em cuidar,
principalmente, dos mais fracos”.
O Cardeal Vegliò recordou que “ninguém é
autorizado a lesar a dignidade humana, nem um governo, nem uma entidade pública ou
privada. Ela deve ser respeitada e promovida através da afirmação e da tutela dos
direitos humanos, que incluem o direito a escolher livremente o estado de vida a fundar
uma família, o direito à educação, ao trabalho, à reputação, ao respeito”, além do
“direito a viver sem medo e na segurança, com a possibilidade de acesso a um sistema
judicial justo”.
“Toda instância que ignore a dignidade humana - salientou
o Cardeal Vegliò - é uma afronta à vontade divina e viola os direitos fundamentais
de que cada pessoa é portadora”. O presidente do dicastério vaticano fez votos então
“de uma estreita cooperação entre países de origem, de trânsito e destinação dos migrantes”
e de “regulamentos apropriados que possam coagular os diferentes sistemas legislativos”,
para “conjugar a proteção dos direitos fundamentais dos migrantes e das suas famílias
e a tutela das comunidades de chegada e de acolhida”. (SP)