Se esta guerra chega ao Líbano é o fim dos cristãos no Médio Oriente – avisa o Arcebispo
Maronita de Damasco
Se esta guerra
chega ao Líbano é o fim dos cristãos no Médio Oriente - quem o diz é Samir Nassar,
Arcebispo maronita de Damasco citado pela edição on-line do jornal português “Público”.
Ele passou por Lisboa na última semana trazido pela AIS-Ajuda à Igreja que Sofre onde
também esteve Shlemon Warduni que é o bispo auxiliar dos caldeus em Bagdad. Ambos
analisaram o principal dado do relatório “Perseguidos e Esquecidos” publicado pela
Ajuda à Igreja que Sofre que sustenta o facto de que o Médio Oriente perdeu centenas
de milhares de cristãos na última década. Só no Iraque, passaram de 1,4 milhões para
300 mil. O arcebispo sírio Samir Nassar nascido no Líbano veio para Lisboa viajando
diretamente da sua cidade em guerra: Damasco. Ele viveu de perto as consequências
da guerra no Iraque, antes da guerra chegar à Síria. “Cheguei a Damasco em 2006, havia
um milhão de iraquianos em Damasco, enchiam as nossas igrejas, as nossas escolas.
Os cristãos sírios viam os iraquianos e diziam: ‘Hoje somos nós, amanhã serão vocês’,
eu não acreditava nisso, mas eles tinham uma intuição.”, refere o Arcebispo Nassar. Um
dos aspetos que mais o entristece é o facto da Síria ser um país de acolhimento, que
acolheu refugiados arménios, curdos, iraquianos, palestinianos e libaneses, e agora,
os sírios tornaram-se refugiados e têm muita dificuldade em encontrar países de acolhimento.
Isso é muito duro. Acolheram toda a gente e agora não encontram quem os acolha”, afirma
o arcebispo Nassar. A Síria não era apenas um país de acolhimento, era um país plural,
como todos na região, mas onde algumas minorias podiam viver as suas diferenças. Os
cristãos tinham essa sorte. “Damasco é uma cidade belíssima, a cidade da conversão
de S. Paulo, onde ele foi batizado e convertido. Há igrejas vivas em Damasco, há comunidades
cristãs vivas em Damasco, que existem desde sempre”, diz o arcebispo.. Em Alepo, antes
de 2011, essa vida cristã era ainda mais evidente do que em Damasco. O arcebispo
de Damasco não acredita que a maioria dos refugiados regresse algum dia a casa. E
então, admite um cenário onde a guerra continue e os cristãos desapareçam de vez,
da Síria e de toda a região. Ontem foi a igreja do Iraque, hoje é a igreja da Síria
e amanhã será a igreja do Líbano. Se a igreja do Líbano desaparece é o fim dos cristãos
no Oriente. É a igreja do Líbano que suporta todas as outras, nós nem temos seminários.
Vem tudo do Líbano, mesmo as hóstias para a missa”, descreve o Arcebispo Samir Nassar
que reafirmou a sua convicção :”se esta guerra chega ao Líbano acaba a igreja no Médio
Oriente”. (RS) Fonte: jornal
“Público”