Conferência para a Paz na Síria: Irão e Turquia pedem cessar-fogo – as declarações
de Dom Zenari, Núncio em Damasco
O Irão e a
Turquia apelaram nesta quarta-feira ao cessar-fogo na Síria, ainda antes da cimeira
internacional de Genebra, marcada para Janeiro. Segundo o jornal diário português
“Público” apesar de serem os maiores aliados dos dois lados do conflito, ambos consideram
desejável uma trégua na guerra civil que dura há mais de dois anos. A posição assumida
pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, que se reuniram em Teerão,
revela, pela primeira vez, uma maior abertura ao diálogo da parte dos aliados regionais.
O Irão, em conjunto com a Rússia, é o maior apoiante do Governo de Bashar al-Assad,
enquanto a Turquia apoia a oposição rebelde. Apesar de apoiarem lados diferentes,
tanto Teerão como Ancara concordaram que “não há uma solução militar” para o conflito
que, desde Março de 2011, já fez mais de 120 mil mortos. No início da semana, o
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou que a conferência de paz
para a Síria deverá começar a 22 de Janeiro. Os obstáculos a uma solução pacífica
em Genebra persistem. À mesa das negociações vão sentar-se os dois lados do conflito,
o enviado especial da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, os EUA e a Rússia. A Coligação
Nacional Síria (CNS) já anunciou que vai participar, na condição de que Assad não
tenha qualquer papel na transição política, algo que o Governo sírio não assegura. Desta
forma, existem ainda muitos nós para desapertar – quem o afirma é Mons. Zenari, núncio
apostólico em Damasco entrevistado pela nossa colega da redação italiana Roberta Gisotti:
“
... há tantas questões, tantos problemas, tantos nós para desapertar. O primeiro nó,
no entanto o mais importante, era aquele de uma data. Ou seja, parte-se naquele dia
e quem quiser que suba a bordo. Gostaria de referir-me ao que disse o enviado especial
das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi: esta conferência não é um evento
no qual se pretenda concluir tudo nos primeiros dias mas é o início de um processo.
É já é um passo notável aquele de fazer sentar na mesma mesa para falarem-se pessoalmente,
quando até agora falaram-se com as bombas e com os canhões.” Entretanto,
enquanto a diplomacia prossegue na sua difícil missão, continua-se a sofrer e a morrer
na Síria...
“Infelizmente, é o terceiro Natal que nos preparamos para
celebrar com um número sempre crescente de vítimas. É crescendo de sofrimento humano.
É preciso tentar parar e aliviar este sofrimento humano. Entre as coisas que esta
conferência poderia produzir – e seria já um bom fruto digno e oportuno – seria tratar
as questões humanitárias fundamentais, a começar pelo acesso às ajudas humanitárias.
Creio que as partes em conflito deveriam começar por estes pontos fundamentais. A
gente não pode mais esperar! Portanto, gestos de boa-vontade da parte de uns e de
outros e começar a pensar em aliviar este enorme sofrimento humano.” (RS)