Cidade do Vaticano (RV) - O ser humano tem a
capacidade de relacionar-se com Deus. Uma capacidade dada pelo próprio Criador. Mas
existem caminhos para o conhecimento de Deus. A própria criação, a natureza, servem
de base para isto.
A nossa inteligência e sensibilidade podem, através da
beleza da criação, da Providência, da manifestação do poder de Deus e de seu cuidado,
perceber os vestígio do Criador, conhecê-lo.
Mas existe um segundo caminho
para o conhecimento de Deus. Quem nos explica, é o Monsenhor Antonio Luiz Catelan:
“Hoje,
na nossa meditação sobre o Catecismo da Igreja Católica, vamos tratar de uma segunda
forma do conhecimento de Deus, que aperfeiçoa e sustenta aquela que anteriormente
nós meditamos.
Além do conhecimento natural de Deus, por via da razão, no
encontro com a beleza e a perfeição da Criação, existe também um outro caminho que
é o da Revelação. O da revelação é o próprio Deus. E conhecendo a fragilidade na nossa
Inteligência e o modo como nossa inteligência está influenciada, às vezes pelos sentidos,
pelos sentimentos, pela imaginação e também pelo pecado, e por isto mesmo, nem sempre
a inteligência consegue retamente fazer todo o discernimento, fazer este caminho,
esta via, que passa do reconhecimento da beleza e da perfeição da natureza até o Criador,
Ele próprio em sua bondade, Ele próprio em sua magnanimidade de coração, se volta
para nós e se revela, e dá a conhecer, de muitos modos. O próprio livro da Criação,
como falou o Papa Bento XVI na Verbum Domini, este livro no qual se conhece
a criatura, ele próprio é iluminado também pela revelação. Deus o orienta, se revelando
como Criador, a compreender corretamente o Livro da natureza. E ele escolhe pessoas,
primeiramente os Patriarcas aos quais se revela e os ensina, passo a passo, qual é
o modo correto de conhecer a Deus e de caminhar nos seus caminhos. Nós temos então
os grandes Patriarcas, Abraão, Isaac e Jacó, com episódios de extraordinária beleza,
onde Deus vem ao encontro. Por exemplo, de Abraão nós podemos lembrar o episódio dos
três anjos, figuras de Deus, que lhe apareceram debaixo do carvalho de Mambré, naquele
dia, naquela ocasião em que Deus foi revelar a Abraão o que ia acontecer àquelas cidades
pecadoras.
Prá Jacó, tem aquele belíssimo, extraordinário acontecimento do
sonho, onde se encontra aquela escada que toca e une a terra e o Céu e que a nossa
Tradição compreende que esta escada é uma figura de Cristo. E para o mesmo Jacó, tem
o episódio da luta com o anjo, ao final da qual o anjo pergunta a ele: “qual é o teu
nome?”. E ele diz: “Jacó”. E Jacó lhe pergunta: “e o teu nome qual é?”. E ele diz:
“Por que me perguntas meu nome?”. E simplesmente lhe dá uma bênção e não lhe revela
ainda seu Nome, coisa que virá a acontecer depois com Moisés.
Então, estes
são os modos iniciais com os quais Deus começou a orientar o caminho correto para
a busca do Seu rosto, da Sua face, da comunhão consigo”.