"Diálogo e Democracia - instrumentos para a paz na Europa": os 50 anos da "Pacem in
Terris" comemorados em Lisboa
Comemorando os 50 anos da Encíclica “Pacem in Terris”, de João XXIII, a Comissão Nacional
Justiça e Paz (CNJP), em parceria com a Faculdade de Teologia da Universidade Católica
Portuguesa, promoveu neste sábado, em Lisboa, uma Jornada tendo como tema ‘Diálogo
e Democracia: instrumentos para a paz na Europa’. Participaram, entre outros, D. Manuel
Clemente e o professor Eduardo Lourenço Na sessão de abertura intervieram o presidente
da CNJP, Alfredo Bruto da Costa, o diretor da Faculdade de Teologia da UCP, João Lourenço,
e D. Jorge Ortiga, presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral Social e Mobilidade
Humana. O teólogo e professor universitário José Eduardo Borges de Pinho realizou
uma conferência sobre “O diálogo inter-religioso na construção da paz na Europa”,
a que se seguiram depoimentos de membros da Aliança Evangélica e das comunidades hindu,
islâmica e judaica. ‘Democracia e valores na construção europeia’ foi o mote para
as intervenções, já de tarde, de Eduardo Lourenço e de Viriato Soromenho Marques,
com moderação de Guilherme d’Oliveira Martins. Ildefonso Camacho, Lídia Jorge e José
Pacheco Pereira vão apresentaram as suas visões para a “reabilitação da política em
Portugal”. Intervindo no encerramento da Jornada, o patriarca de Lisboa e presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que Portugal tem de olhar para o contexto
internacional como via de “esperança” e de entendimento do bem comum para a humanidade.
“Não entendo qualquer futuro para a Europa sem incluir uma visão de fora, ainda assim
com esperança”, afirmou D. Manuel Clemente. O patriarca de Lisboa lembrou os “relatos”,
que chegam de Lampedusa, ilha italiana, onde “tantos que tentam chegar a terra". "Esta
situação não se pode entender sem o entendimento de outros continentes”, observou,
lembrando que “o que falta dramaticamente a uns na Europa, em África atinge fatalmente
muitos”. D. Manuel Clemente lembrou que a razão de ser da autoridade política é
“a promoção do bem comum que não pode separar-se do bem que é próprio de toda a humanidade”.
Lembrando a característica “universalista” da encíclica «Pacem in Terris», que se
dirige a «todos os homens de boa vontade», o também presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa lembrou o “testamento do Papa João XXIII”: “A encíclica adiantava princípios
e caminhos para a resolução de qualquer realidade, lembrando que na regulação internacional,
a ação deve ser entendida para o bem comum”. “Somos portugueses na Europa e europeus
no mundo, mas incluídos no espaço europeu e comunitário, preocupados com graves problemas
internos e de sustentabilidade, dependentes de decisões que excedem e fogem do nosso
campo de escolha, não percebemos que só internacionalmente poderemos encarar os problemas
e defender o que poderá ser nosso”, acrescentou. (PG, com Ecclesia)