Dublin – O sacerdote católico Padre Alec Reid, figura-chave no processo de
paz da Irlanda do Norte, faleceu nesta sexta-feira, 22, aos 82 anos, em um hospital
de Dublin.
Reid, que passou 40 anos na Ordem Redentorista no Mosteiro Clonard
do norte de Belfast, viveu de perto o conflito armado entre católicos e protestantes,
que causou mais de 3.500 mortes em três décadas.
Nascido no condado de Tipperary,
na Irlanda, o sacerdote foi fundamental para que, em plena escalada da violência no
final dos anos 80, o partido Sinn Féin, braço político do Exército Republicano Irlandês
(IRA), começasse a traçar uma estratégia de paz.
O religioso atuou como intermediário
entre o presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, e o líder do Partido Social-Democrata
e Trabalhista, John Hume, que em negociações secretas aspiravam a uma trégua do IRA
e estabelecer conversações de paz com o governo britânico. Com seu papel de mediador
ganhou a confiança dos dirigentes do IRA, atualmente inativo, e chegou a se reunir
com vários primeiros-ministros irlandeses.
Com a assinatura em 10 de abril
de 1998 do Acordo de Belfast (também conhecido como Acordo da Sexta-feira Santa) e
o início do processo de paz na região, Reid seguiu muito vinculado aos esforços dos
republicanos para abandonar definitivamente a violência e optar pela via democrática.
Quando
finalmente o IRA anunciou, em 2005, a destruição de todos os seus arsenais, o religioso,
junto ao reverendo protestante Harold Good, se tornou uma das testemunhas do processo
supervisado pela Comissão Internacional Independente de Desarmamento.
Em 1998,
foi fotografado enquanto rezava diante dos corpos de dois soldados do exército britânico
que haviam sido linchados e mortos pelo IRA na Irlanda do Norte. A foto virou um dos
mais significativos símbolos do conflito.