Filipinas: agrava-se o balanço das vítimas. Mais de 4 milhões sem-abrigo
O número de vítimas do tufão Haiyan subiu para 4.011 mortos e 18.557 feridos, sem
contar com o número dos desaparecidos que, segundo os dados do Conselho Nacional para
a Gestão e Redução dos riscos em desastres, corresponde a 1.602 por enquanto. Para
a comissão – refere a agência MISNA – 4,4 milhões de pessoas viram-se obrigadas a
deixar as próprias casas, nas áreas mais afectadas onde se estima que cerca de 650.000
habitações tenham sido destruídas ou danificadas. Por outro lado, cerca de 13 milhões
de filipinos foram, directa ou indirectamente, afectados pela catástrofe, dos quais
pelo menos 4 milhões são pessoas sem-abrigo, segundo o departamento da ONU para os
cuidados humanitários. Ontem, o presidente Benigno Aquino regressou a Manila depois
de ter permanecido três dias nas regiões directamente afectadas, procurando responder
à necessidade deste país que procura reforçar, não só a imagem democrática e as perspectivas
de desenvolvimento, mas também a coerência e a honestidade das próprias instituições,
criando uma credibilidade ao nível internacional. Começam-se também a estimar os prejuízos,
a partir do sector agrícola, absolutamente essencial na região. Estima-se, neste âmbito,
que a perda nas propriedades rurais atinja o montante de 200 milhões de euros. Segundo
o responsável pela planificação económica do governo filipino, Arsénio Balisacan,
o custo pela reconstrução poderá chegar aos 250 milhares de pesos (cerca de 4, 25
milhares de euros). Neste momento, portanto, as perspectivas são de dificuldades.
De facto, num país com um terço da área fértil devastada, a FAO pediu que se apoie
imediatamente os agricultores locais.
Neste contexto, o colega italiano Giancarlo
La Vella falou com Marco Rotelli , secretário geral da Intersos, uma das primeiras
organizações a intervir nas Filipinas depois da catástrofe:
R. – Efectivamente,
temos assistido a um certo congestionamento na chegada dos meios de apoio. Infelizmente,
è algo que acontece frequentemente neste tipo de situações. Mas, nas últimas horas,
a situação está a melhorar. As nossas equipas já estão em Tacloban e nas áreas mais
afectadas. Agora procuramos intervir mais nos grandes centros urbanos, mas também
nas áreas mais remotas ainda desprovidas de qualquer apoio, onde certamente se encontram
milhões de pessoas que carecem de ajuda urgente.
P – Nesta catástrofe existem
exigências particulares? Ou trata-se de uma intervenção semelhante ou igual a tantas
outras que já realizaram?
R. – Muitas destas catástrofes são semelhantes entre
si. Contudo, neste caso específico, temos de admitir que a dimensão da destruição
è significativamente maior em relação a tantas áreas afectadas nos últimos anos… Realmente,
o nível de destruição è total: estamos a falar de mais de um milhão de casas destruídas,
mais de quatro milhões de pessoas sem casa neste momento, e mais de treze milhões
de pessoas que, directa ou indirectamente, foram afectadas por esta tragédia. A situação,
sem dúvida, está a meter à prova as organizações humanitárias a nível internacional,
mas estamos a tentar fazer todos os possíveis para intervir o mais eficazmente possível
em todas as zonas afligidas.
P - Como se está a organizar a vida dos sobreviventes?
R. – Através de uma óptima coordenação, em particular das instituições italianas.
De facto, graças ao Ministério dos Assuntos Externos, estamos a ser capazes de preencher
completamente as cargas aéreas fazendo chegar algum material necessário no período
após o desastre: desde o material para construir tendas provisórias até ao equipamento
médico indispensável neste tipo de situações.
P – Apesar da tragédia chegam
numerosas notícias do facto da população filipina estar a reagir em maneira muito
positiva ao desastre…
R. Sim, podemos confirmá-las. Temos visto que a rede
da sociedade civil, o governo e a igreja têm colaborado muito e com eficácia. As comunidades
religiosas na região têm ajudado muito: são extremamente rápidas e colaboram muito,
permitindo que as organizações com meios “mais técnicos” possam meter em campo a sua
própria competência. Por outro lado, a população, apesar da profunda devastação, tem
sido muito reactiva. Creio que tudo isto permitirá a reconstrução do país no futuro.