2013-11-15 11:14:59

Encontro entre Dom Vincenzo Paglia e o Metropolita Hilarion: Católicos e Ortodoxos unidos na defesa da família.


“Ortodoxos e Católicos juntos pela família”. Eis o título de um convénio realizado no dia 12 de Novembro em Roma, tendo sido organizado pelo Pontifício Conselho para a Família conjuntamente com o Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos e o Departamento para as Relações exteriores do Patriarcado de Moscovo. Ao centro dos trabalhos a relação de Dom Vincenzo Paglia, presidente do Pontifício Conselho para a Família, e a de Hilarion, Metropolita di Volokolamsk.
Serviço de Salvatore Sabatino, pela Rádio Vaticano.

Relançar a aliança entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica, centrando-nos na família como núcleo fundamental da sociedade. Dom Vincenzo Paglia reafirma-o com clareza sublinhando que a crise da família está na base da crise de toda a sociedade. Uma realidade, esta em que agora vivemos, que exalta o valor do individualismo, tornando o núcleo familiar frágil e passível de ataques e esquecendo o princípio sobre o qual a família assenta: “o amor para sempre”. Daí a necessidade de conjugar esforços, centrando-nos na identidade de visão entre católicos e ortodoxos.

Dom Vincenzio Paglia:

R. – Eu creio que é decisivo que as igrejas cristãs redescubram a coragem de testemunhar ao mundo aquele mistério de amor que desde os primórdios da criação Deus estabeleceu quase no cume dos sete dias, ao ponto que quando criou a sua obra prima – o homem, Adão – deu-se conta que este precisava de se complementar, e encontrou Eva. Isto para dizer que, num mundo como o de hoje, onde se exalta o ‘eu’ em prejuízo de qualquer ‘nós’, a família torna-se numa boa nova para restituir a esperança a todos.

RV - Actualmente, nós nos encontramos diante de um paradoxo: o de termos uma família que de um certo ponto de vista é idealizada e, por outro lado, é extremamente frágil. Como avaliar esta dicotomia que se está a impor cada vez mais?

R. – O problema é que devemos compreender, viver e sobretudo testemunhar, porque o amor não é um sentimento passageiro. O amor é como construir uma casa, e para construir uma casa é preciso tempo, esforço, paciência, inteligência e possibilidade de correcção no caso de os tijolos serem mal postos. Assim é o amor; o amor não é um vento passageiro, como frequentemente se entende hoje. Portanto, quando nós falamos do ideal da família, não nos referimos a uma abstracção ou a uma ideia, trata-se, sim, de uma realidade, mas aquilo que se dá por adquirido – como por exemplo na conquista de uma meta desportiva, onde todos sabem que é preciso treino, esforço e muitas renúncias – é cancelado quando se fala de construir a coisa mais importante do mundo, ou seja, aquela meta que se chama família e que é também edificação? Eis porque eu creio que é fundamental, numa sociedade que faz do consumo, da satisfação imediata a qualquer custo, a lei suprema, deve-se compreender que o amor è uma coisa seria e, como todas as coisas sérias, requer empenho e esforço.

RV - O Papa Francisco convocou um Sínodo Extraordinário precisamente dedicado à família…

R. – O Papa Francisco mais uma vez nos precede a todos nós. O Papa percebeu que quando fala de família fala de uma coisa concreta, porque a grande maioria dos jovens a querem, mas vê como muitas vezes essa é atacada e mesmo violentada. Ele que percebeu isto compreendeu que a Igreja deve colocar a família no centro da sua atenção. Eu espero que o compreendam os políticos, os estudiosos de economia, os cultores do direito, os intelectuais, enfim, a própria sociedade. Recolocar no centro a família significa pegar – talvez – o nó mais urgente e mais dramático se se abandona, e mais eficaz se se enfrenta, para restituir um futuro à nossa sociedade.

Por seu lado Hilarion examina os aspectos mais críticos da família, que é base para o desenvolvimento harmónico da vida e da sociedade; também evidencia que se deve partir da Sagrada Escritura, onde a vida não se reduz ao indivíduo, mas está sempre ligada a Deus e ao próximo. É necessário, enfim, recriar juntos aquele equilíbrio que a nossa sociedade abandonou, sem nunca perder de vista o principio sobre o qual a família é fundada.

Metropolita Hilarion:

R. – Nós, ortodoxos e católicos, temos o mesmo entendimento do matrimónio. Para nós a família é a união entre um homem e uma mulher, com a finalidade de gerar filhos. Não queremos descriminar as uniões – digamos – entre pessoas do mesmo sexo, mas para nós a família é a união entre homem e mulher.

RV - Mas é evidente que assistimos, hoje, a uma multiplicação do modelo familiar e, muito frequentemente, as famílias estão em crise: quando uma família está em crise, obviamente, está em crise um pouco toda a sociedade …

R. – O núcleo familiar está na base da sociedade e também da formação do Estado. Se nós destruirmos este núcleo – ou seja, a família – destruiremos também o Estado.

RV - O que se pode, neste momento, fazer para ajudar a família a voltar aos valores, porque quotidianamente assistimos à exaltação do individualismo em vez da família?

R. – Agora nós podemos ver a destruição da família e as consequências deste processo, como os problemas demográficos: por exemplo, na Europa, dentro em breve, já não teremos mais gente para povoar este continente. E isto está exactamente ligado a políticas erradas em relação à família tradicional.








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