2013-11-15 15:18:22

Card. Scola: "O Patriarca Kirill tem grande estima pelas ações de Francisco"


Cidade do Vaticano (RV) - "Hoje, mais do que nunca, a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica tem ocasiões importantes para trabalhar juntas". Foi o que afirmou o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, durante o encontro com o Cardeal Arcebispo de Milão, Angelo Scola, realizado na última terça-feira, em Moscou. Durante o encontro, o Patriarca condenou "as perseguições disfarçadas em relação aos cristãos sob a bandeira da tolerância e do multiculturalismo". Segundo Kirill, esta perseguição acontece "com a substituição dos símbolos cristãos, quando se proíbe pronunciar a palavra 'Natal', quando levar um cucifixo no pescoço no local de trabalho torna-se ofensivo para os não cristãos". Durante o encontro falou-se também sobre o Papa Francisco. Eis o que disse à Rádio Vaticano o Cardeal Angelo Scola sobre o encontro:

R: "O clima foi muito cordial. A sua consideração quanto às ações do Papa Francisco foi muito, muito elevada. No diálogo que durou mais de uma hora, emergiu com força sobretudo, a urgência da unificação em vista da proposta cristã no mundo de hoje; um mundo que está em transformações, e justamente por isto interroga-se sobre o "sentido da vida". Acredito que para compreender tempos e modos de um encontro entre o Santo Padre e o Patriarca Kirill seja necessário se estar menos preocupado com as estratégias político-pragmáticas e, ao invés disto, ir fundo nesta urgência missionária que a Igreja de hoje descobre sempre mais dentro de si, e que certamente é um poderosos fator de unificação entre nós e os nossos irmãos ortodoxos".

RV: A reviravolta poderia ser facilitada pelas comissões - de doutrina e de teologia - ou do encontro dos fiéis?

R: "Penso verdadeiramente que as comissões doutrinais e a reflexão teológica sejam imprescindíveis. Porém, existe um dado de fato que me tocou muito, do qual falei com o Patriarca: com base na mistura dos povos e etnia, muitíssimos fiéis ortodoxos - russos, mas não somente -, estão entre nós na Europa Ocidental, e muitíssimos católicos estão neste momento na Rússia, oriundos de países asiáticos. Assim, está nascendo de fato um 'ecumenismo do povo' que - sobretudo nas relações entre a Igreja Ortodoxa russa e a Igreja Católica latina, que vi em Moscou -, me impressionaram. Existe uma troca comum entre os fiéis em diversos níveis, sobre diversas questões que neste momento ocupam as duas Igrejas, que me parece alguma coisa verdadeiramente nova e repleto de esperança. De resto, isto acontece também aqui entre nós: pensemos à Milão, onde os nossos irmãos russos tem quatro paróquias e uma quinta em formação. Existem muitas trocas e muitas relações de base. Se pode dizer, então, que está nascendo um 'ecumenismo do povo'".

RV: Na sua viagem à Moscou, o senhor encontrou também a comunidade católica. Como vivem os católicos na Rússia?

R: "São uma realidade pequena. A Diocese de Moscou é muito grande, quase dez vezes maior do que na Itália; existem pequenas comunidades que chegam até o Pólo Norte. Mas eu fiquei muito tocado pelas milhares de pessoas que participaram no domingo passado da Santa Missa na Catedral Mãe de Deus, com uma intensidade nos cantos, na forma como estavam envolvidos... Depois, vi que existe toda uma vida que se desenvolve: tive um encontro muito interessante com sacerdotes e religiosas, no interior de sua formação permanente, sobre a pessoa do leigo. Percebi a urgência que eles sentem, ou mesmo a necessidade, de que também para eles o leigo não seja concebido mais como cliente, mas como protagonista da Igreja. Eu recebi da realidade da Igreja Católica na Rússia uma impressão realmente muito significativa".

RV: Olhemos para o Oriente Médio que é uma região importante para o cristianismo. Segundo o senhor, qual é o papel dos ortodoxos para a paz no Oriente Médio? Penso também na Síria......

R: "Eu diria que é um papel decisivo e disto se falou com o Patriarca Kirill: eles se revelaram muito sensíveis, acredito também pela sua dramática experiência sob o comunismo. São muito mais atentos que nós, tem uma forte sensibilidade em relação aos cristãos que sofrem. Diria que é verdadeiramente, um pouco superior à nossa". (JE)










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