Cidade do Vaticano (RV) - A Conferência Genebra 2 “pode e deve ser um primeiro
passo fundamental, pelo menos para iniciar um processo que será previsivelmente difícil.
Não sabemos ainda que forma terá essa Conferência nem se a Santa Sé será convidada
a participar como Observador. Em caso afirmativo, a Santa Sé enviaria uma Delegação
para demonstrar a sua solicitude pelo bem da querida nação síria e para oferecer discretamente
toda possível colaboração”: foi o que afirmou em uma entrevista à agência dos bispos
italianos SIR, dedicada à situação na Síria, o Secretário para as Relações com os
Estados da Santa Sé, Dom Dominique Mamberti.
Precisamente ontem, em Istambul,
surgiu a notícia de que a Coalizão nacional síria poderia estar presente em Genebra,
uma abertura que aumenta a possibilidade de uma conferência de paz até o final do
ano.
“A Santa Sé – declara o Secretário para as Relações com os Estados – faz
votos e encoraja a realização da Conferência Genebra 2 com a maior participação possível.
Realisticamente não se pode pretender que a Conferência resolva de uma só vez um conflito
que é particularmente complexo e no qual estão envolvidos tantos interesses divergentes
de diversos protagonistas não só locais mas regionais. Todavia, não há outro caminho
a não ser o da busca de um acordo com a ajuda de todos”.
Na ampla entrevista
Dom Mamberti reafirma que “não existe uma solução militar para o conflito. Neste sentido
continuar a fornecer armas aos beligerantes somente contribui para aumentar as vítimas
e os sofrimentos do povo sírio. Se a violência continuar não existirão vencedores
mas somente vencidos”.
Entre os princípios gerais que deveriam orientar a busca
de “uma justa solução ao conflito” o representante pontifício destaca três: antes
de mais nada é indispensável trabalhar para a retomada do diálogo entre as partes
e para a reconciliação do povo sírio; é necessário preservar a unidade do país, evitando
a constituição de áreas diferentes para os vários componentes da sociedade; deve ser
garantida, ao lado da unidade do país, também a sua integridade territorial.
Além
do mais será importante pedir a todos os grupos – em particular àqueles que visam
um lugar de responsabilidade no país – que ofereçam garantias de que na Síria do fuituro
haverá lugar para todos, em particular para as minorias, inclusive obviamente para
os cristãos”.
Para Dom Mamberti são também importantes “o respeito dos direitos
humanos e da liberdade religiosa” como também o conceito de “cidadania”, com base
no qual todos, independentemente da pertença étnica e religiosa, estão no mesmo nível
com iguais direitos e deveres”. (SP)