Cardeal Tauran: Bento XVI sempre teve muito a peito o diálogo inter-religioso
Cidade do Vaticano (RV) - "O Diálogo Inter-religioso no ensinamento oficial
da Igreja Católica". Esse é o título do livro apresentado na manhã desta terça-feira
na Sala de Imprensa da Santa Sé pelos presidente e secretário do Pontifício Conselho
para o Diálogo Inter-religioso, respectivamente, Cardeal Jean-Louis Tauran, e Pe.
Miguel Ángel Ayuso Guixot. O volume traz textos e documentos do Magistério pontifício
a partir do Concílio Vaticano II até Bento XVI.
Em 2.100 páginas, 909 das quais
com textos conciliares, Cartas encíclicas, Exortações apostólicas e discursos de cinco
papas, além de documentos de dicastérios e da Cúria Romana sobre o diálogo inter-religioso,
o volume apresenta-se como uma obra poderosa dirigida aos católicos e, sobretudo,
aos seguidores de outras religiões.
O Cardeal Tauran quis ressaltar a novidade
dos textos de Bento XVI, desfazendo "a imagem" de que este "não tivesse interesse
no diálogo inter-religioso":
"Em sete anos de Pontificado se pode contar
188 pronunciamentos de Bento XVI sobre o diálogo inter-religioso, diante dos 591 de
João Paulo II em quase vinte e sete anos de Pontificado. A atenção a esse tema foi
constante, aliás, crescente, tanto num Pontificado como no outro. Bento XVI propôs
o 'diálogo da caridade na verdade'."
Ademais, um ano após o "rebuliço"
da Conferência de Ratisbona, acrescentou o purpurado, foram dados passos importantes
com o mundo islâmico:
"Trinta e oito sábios muçulmanos, que depois se tornaram
138, escreveram ao Papa um documento expondo os princípios do Islã e fazendo votos
de uma mútua compreensão e de uma relação entre o Islã e o Cristianismo fundada no
amor a Deus e ao próximo, segundo o ensinamento de Jesus. A criação de um Fórum cristão-islâmico,
que dura até hoje, é fruto dessa louvável iniciativa."
E em tema de liberdade
religiosa Bento XVI aproveitou as ocasiões que teve para defendê-la como "direito
sagrado e inalienável":
"Bento XVI identificou no processo de globalização
mundial, ainda hoje em andamento, uma ocasião propícia para promover relações de fraternidade
universal entre os homens."
Mas a que ponto nos encontramos no caminho
do diálogo entre as religiões? A resposta é do secretário do Pontifício Conselho para
o Diálogo Inter-religioso, Pe. Miguel Ayuso:
"O caminho ainda é longo, mas
com o Papa Francisco o caminho continua com o 'diálogo da amizade'." (RL)