2013-11-12 20:10:24

Bispo auxiliar de Roma: Francisco ajuda-nos a recuperar sobriedade e transparência


Cidade do Vaticano (RV) - "Onde há engano não se encontra o Espírito de Deus (...) A vida dúplice de um cristão faz muito mal, muito mal!": foram algumas das palavras pronunciadas pelo Santo Padre na homilia da missa celebrada nesta segunda-feira na Santa Marta, casa onde reside no Vaticano.

"Todos somos pecadores, mas nem todos somos corruptos", disse ainda Francisco, convidando cada um à coerência entre palavras e vida, entre ações do dia a dia e exigências do Evangelho. O Pontífice exortou-nos a não sermos cristãos corruptos, condenando o comportamento ambíguo daqueles que, de um lado, roubam do Estado e dos pobres e, de outro, se fazem benfeitores da Igreja.

A esse propósito, a Rádio Vaticano ouviu o bispo auxiliar de Roma e assistente eclesiástico da Comunidade de Santo Egidio, Dom Matteo Zuppi, de quem quis saber as impressões que teve das palavras do Papa Francisco:

Dom Matteo Zuppi:- "A impressão foi de termos tido palavras muito oportunas e muito verdadeiras, que nos ajudam a compreender algo que muitas vezes fica na penumbra e na ambiguidade, como é sempre toda hipocrisia – que todos trazemos em nós – e é, neste caso, a hipocrisia de quem doa algo à Igreja, mas rouba o Estado. E ao invés, diz, isso é inaceitável! Muitas vezes parece ser o modo com o qual se pensa, ou de colocar-se em paz com a própria consciência, ou de poder fazer qualquer coisa..."

RV: Uma ambiguidade que não é somente roubar o Estado e depois, quem sabe, fazer uma oferta à Igreja, mas que muitas vezes se apresenta também na vida familiar, no trabalho...

Dom Matteo Zuppi:- "Minha percepção é de que a pregação destes meses, à qual o Papa Bergoglio nos tem acostumado, é de uma grande misericórdia: o Senhor que espera, que é paciente... Mas nos fala também de um Senhor que revela aquilo que a pessoa é e, de certo modo, justamente porque misericordioso, é ainda mais direto contra aqueles que pensam levar embora a misericórdia sem querer o bem e sem abrir-se ao Senhor. A incoerência é aquilo que não permite a misericórdia e, por isso, me parecem palavras inclusive muito severas, que dão um grande sentido à própria misericórdia."

RV: É um discurso que toca cada um de nós, cada qual em sua vida, mas, certamente, chama em causa também aquilo que muitas vezes acontece dentro da própria Igreja – o Papa falou de sacerdotes corruptos –, para não falar da política e outras instâncias...

Dom Matteo Zuppi:- "Creio que vemos em todos os aspectos como precisamos de homens verdadeiros, transparentes, capazes de dizer palavras que estejam unidas à vida, palavras que não sejam vazias. Há uma corrupção difusa, que vemos muito facilmente nos outros e que enxergamos tão pouco em nós, e que me parece exija uma grande atenção da parte de todos, porque efetivamente a corrupção elimina possibilidades. O escândalo: a um certo ponto, tudo se torna sujo, não se vê nada mais que seja bonito, verdadeiro, que seja bom. E é uma das consequências mais terríveis para quem dá escândalo, de vários modos. É algo que nos deve interrogar todos na Igreja. Creio que as palavras do Papa Francisco nos ajudem a recuperar um sentido de seriedade, de sobriedade, de transparência, de que temos uma grandíssima necessidade na Igreja, mas de que precisamos muitíssimo também no mundo inteiro." (RL)







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