Card. Koch: "Vaticano II quis ser um Concílio de reforma e não de ruptura"
Cidade do Vaticano (RV) – “O Vaticano II queria ser e foi um Concílio reformador:
não quis uma Igreja nova que rompesse com a tradição, mas uma Igreja renovada”. Foi
o que afirmou o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos,
Cardeal Kurt Koch, no seu discurso publicado no L’Osservatore Romano, em vista da
apresentação nesta terça-feira (12), na Sala Pietro de Cortona dos Museus Capitolinos,
da obra sobre ‘Primado pontifício e episcopado’, dentro das comemorações dos 50 anos
do Concílio.
O Cardeal Koch individua duas “tendências há tempos dominantes”
em relação a este evento histórico para a Igreja, iniciado por João XXIII e encerrado
por Paulo VI. “Ambas vêem no Concílio uma ruptura com a tradição da Igreja, numa dupla
direção”, observou ele. “De um lado, as correntes progressistas continuam a compreender
o Concílio como o fim da tradição eclesial precedente e o início de algo novo. Mas
como ruptura com a tradição, o Vaticano II é interpretado também por correntes tradicionalistas,
que o censuram por ter feito nascer uma nova Igreja, não mais idêntica àquela que
existia até então”, explicou.
Para o Cardeal Koch, "não é uma mera coincidência
que estas duas tendências extremas concordem em fazer uma distinção entre a Igreja
pré-conciliar e a Igreja pós-conciliar, como se a Igreja não fosse mais a mesma, antes
e depois do Concílio Vaticano II”.
Ao invés disto, para o Presidente do Pontifício
Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, “continuidade e renovação estão
unidos, tradição e renovação se abraçam, porque o Vaticano II queria ser um Concílio
não de ruptura, mas de reforma, elo de uma longa cadeia ligada à tradição e ao mesmo
tempo aberto ao futuro”. (JE)