Bispos de Moçambique preocupados com perigo de guerra aberta no país - Comunicado
de imprensa
“Procuremos o que interessa à paz e à mútua edificação” (Rm 14,19) Nós bispos católicos
de Moçambique reunidos em Assembleia plenária na Matola, neste momento de dor, angústia
e desespero do povo moçambicano causado pelo regresso à guerra no país, queremos unir
a nossa voz a voz do povo que clama pela paz e respeito da sua vida. Na nossa Nota
pastoral de Agosto 2012, escrevíamos que o clima de intolerância e a falta de inclusão
de todos os cidadãos ameaçavam a paz conquistada com tanto sacrifício há 21 anos. Moçambique
encontra-se hoje numa situação em que a paz está a ser espezinhada. Os acontecimentos
das últimas semanas revelam que se optou por resolver as divergências pelas armas. Angustiados,
testemunhamos que está a ser derramado sangue inocente, seja de civis seja de homens
em armas, todos filhos desta nossa Pátria. Voltamos a ver as tristes imagens de
mulheres e crianças a abandonarem as suas casas e refugiar-se no mato; povo a sofrer
porque vítima de abusos e desmandos ligados ao clima de insegurança e agresividade
que todo conflito acarreta. O Povo quer a Paz. Por isso: Afirmamos que ninguém
pode invocar o povo ou encontrar nele legitimidade para defender pelas armas interesses
de grupos ou pessoais. Exigimos que pare imediatamente toda forma de hostilidade,
confrontos armados e que se reabra o caminho do diálogo, fazendo recurso a tudo e
a todos quantos possam favorecer que o mesmo encontre espaço, seja sincero e efectivo. Apelamos
a todos os cidadãos para que não se deixem arrastar pelo clima de intolerância e violência
que está a crescer no país. Sejamos todos defensores deste bem precioso que é a paz,
velando pelo respeito mútuo. Sejamos todos construtores de paz trabalhando por instituições
respeitáveis e respeitadas. Apelamos a quantos têm autoridade e tomam as decisões
de ambas as partes envolvidas nos confrontos para que mandem parar todo acto de violência
e agressão. Apelamos ao senhor Presidente da República e Comandante em Chefe das
Forças Armadas que faça tudo quanto está ao seu alcance para parar com os confrontos
armados e crie condições reais para um diálogo corajoso e concludente. Apelamos
à comunidade internacional, particularmente às representanções diplomáticas em Moçambique
e às empresas envolvidas no desenvolvimento do país a favorecer a construção da paz
sem a qual, as conquistas destes últimos anos estariam postas em perigo. Convidamos
a todos os crentes a intensificar a oração pela paz. Como bispos e como cidadãos,
reiteramos a nossa inteira disponibilidade em fazer tudo o que as partes directamente
envolvidas no conflicto acharem legítimo e necessário solicitar-nos para que a paz
prevaleça e seja consolidada. Matola aos 7 de Novembro 2013 Os Bispos católicos
de Moçambique