Jales (RV) - Ainda no contexto de outubro, mês missionário, precisamos incluir
em nossas intenções missionárias, as grandes religiões do mundo. Pois agora, a partir
do Concilio Vaticano II, somos desafiados a ter um olhar diferente sobre as grandes
religiões, reconhecendo nelas muitos valores positivos, nos quais dá para perceber
a atuação do Espírito Santo que está sempre pronto a vir em auxílio de quem busca
com sinceridade os caminhos que levam para Deus.
Diz textualmente o
Concílio, no seu documento “Nostra Aetate”: “A Igreja Católica nada rejeita do que
há de verdadeiro e santo nestas religiões.” E acrescenta: “Exorta por isto seus
filhos que, com prudência e amor, através do diálogo e da colaboração com os seguidores
de outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam, mantenham
e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores sócio-culturais,
que entre eles se encontram”.
É bom termos um mapa aproximado dessas
grandes religiões no mundo. Algumas delas têm suas raízes na cultura asiática, a mais
antiga do mundo, com suas tradições milenares. Duas delas emergem com força no contexto
da Ásia: o budismo e o Hinduísmo, ambas originárias da Índia. Sendo que o Budismo
se propagou mais nos países orientais da Ásia, especialmente na China e no Japão.
Outras duas grandes religiões têm sua origem no Oriente Médio, o judaísmo e o
islam, a religião dos muçulmanos. Por diversos motivos a Igreja se sente mais próxima,
e mais ligada a estas duas grandes religiões, o judaísmo e o islamismo.
A partir do Concílio, a Igreja assumiu uma postura de mais respeito, superando
hostilidades que possa ter havido na história, e propondo um diálogo que possibilite
uma progressiva aproximação com as.grandes tradições religiosas.
O relacionamento
com os judeus melhorou muito, sobretudo a partir da decisão tomada por João 23, de
modificar a prece pelos judeus, na liturgia da semana santa. Antes, a formulação desta
prece chegava a ser ofensiva, pois se referia a eles como “pérfidos judeus”.
Com eles existe agora um clima de respeito, que é fortalecido por atitudes simbólicas.
Diversas vezes o Papa foi visitar sinagoga dos judeus em Roma. João Paulo II chamou
os judeus de “nossos irmãos maiores”.
O concílio falou de maneira muito
respeitosa a respeito dos muçulmanos. O seu livro sagrado apresenta Cristo como um
profeta, e fala de Maria de maneira muito respeitosa.
Portanto, haveria
muitas coincidências a nível de fé, entre a religião fundada por Maomé, e a nossa
religião cristã. Mas infelizmente, na história, o relacionamento com os muçulmanos
foi marcado por guerras religiosas e incompreensões mútuas, cujas conseqüências ainda
não foram assimiladas.
Entre os muçulmanos, ao lado de correntes
fundamentalistas que ainda propagam a “guerra santa” contra os cristãos, existem grupos
moderados e profundamente religiosos, com os quais é possível manter um diálogo construtivo.
Todas estas dificuldades de aproximação e de entendimento, deveriam mostrar aos
cristãos a urgente necessidade de reconciliação entre nós, superando nossas divisões
internas, como cristãos, que infelizmente ainda existem. Foi o próprio Jesus que falou:
“que todos sejam um, para que o mundo creia”.
Assim como a missão abre
o caminho para a renovação da Igreja, assim a aproximação com as grandes religiões
não cristãs, se transforma em apelo para a unidade dos cristãos!