Arcebispo Chullikatt: apoio da Santa Sé a negociação palestino-israelense e a "Genebra
2" sobre a Síria
Nova York (RV) - A Santa Sé olha com esperança para a retomada das negociações
entre israelenses e palestinos. Foi o que ressaltou nesta terça-feira o observador
permanente da Santa Sé na ONU, Dom Francis Chullikatt, no debate do Conselho de Segurança
das Nações Unidas sobre o Oriente Médio.
Ademais, o arcebispo fez votos de
que a Conferência "Genebra 2" ajude a levar a paz à Síria. O prelado fez também um
forte apelo a livrar o mundo das armas nucleares.
Trata-se de um momento crucial
para os povos do Oriente Médio. Foi o que afirmou Dom Chullikatt, que manifestou a
satisfação da Santa Sé pelo renovado empenho de palestinos e israelenses nas negociações
"diretas, sérias e concretas". A nossa esperança, disse, é que se possa assistir a
um "novo revigorado processo de paz".
O observador vaticano recordou que é
sempre a população civil a pagar o preço mais alto de uma guerra. E reiterou que "uma
solução política" é também a "melhor solução" para resolver as crises humanitárias
do Oriente Médio, do apoio aos refugiados ao desenvolvimento econômico.
De
fato, o observador permanente da Santa Sé na ONU referiu-se também à grave situação
na Síria, reiterando o premente apelo do Papa Francisco em favor da paz.
Como
"primeiro passo – disse o prelado –, a Santa Sé pede às partes em conflito que deem
imediatamente fim à violência e que iniciem um autêntico processo de paz com a Conferência
Genebra 2, programada para o próximo mês".
Em seguida, Dom Chullikatt
ressaltou a terrível condição em que vivem mais de 4 milhões de deslocados dentro
dos confins sírios e mais de 2 milhões de refugiados nos Estados confinantes.
Os
desafios que esses países devem enfrentar na assistência aos refugiados, advertiu,
pode ter "um impacto desestabilizador para toda a região". A Igreja Católica, assegurou
Dom Chullikatt, permanece empenhada na linha de frente em oferecer assistência humanitária
à população, sem distinção étnica ou religiosa.
Por outro lado, o representante
vaticano recordou "o êxodo preocupante" dos cristãos de suas terras de origem por
causa de forças extremistas que atacam as comunidades cristãs com "cega violência".
Os
próprios cristãos, disse, são "obrigados a fugir" deixando para trás dois mil anos
de história inseparável da cultura da região.
É "inaceitável", observou, que
se repita o que aconteceu no Iraque, onde "a violência sectária reduziu 70% da população
cristã".
Além de dirigir-se ao Conselho de Segurança, Dom Chullikatt pronunciou-se
também na Assembleia Geral sobre o tema do desarmamento.
O prelado definiu
como sendo de "importância histórica" a resolução sobre a destruição das armas químicas
na Síria, mas lamentou as resistências de alguns grandes países a encontrar um caminho
para banir as armas nucleares.
"É amargamente irônico – comentou o observador
vaticano – que alguns Estados elevem a voz para condenar as armas químicas e depois
se calem em relação à própria posse de armas nucleares."
A comunidade internacional,
reiterou, deve "falar e agir com uma só voz para banir todas as armas de destruição
em massa". Num mundo tão interconectado, prosseguiu, não podemos "correr o risco de
cair na globalização da indiferença". "Devemos acabar com o militarismo míope e começar
a concentrar-nos sobre as verdadeiras necessidades da família humana", concluiu. (RL)