"Como dar à Igreja um rosto amazônico, como o Papa pede?". Ouça o Card. Cláudio Hummes
Cidade
do Vaticano (RV) – Aproximadamente 150 bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas
e leigos engajados participarão em Manaus, de 28 a 31 de outubro, do I Encontro da
Amazônia Legal, promovido pela CNBB. O evento terá ampla repercussão no Brasil, com
a divulgação por conta da Signis, da Rede Católica de Rádio e de várias mídias no
país. A RV também estará presente no Encontro, a convite do Cardeal Cláudio Hummes,
Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia. É ele que explica a importância
do Encontro neste momento para o Brasil, sublinhando que é fundamental atribuir a
Igreja local um ‘rosto amazônico’ e restituindo aos povos originários os seus direitos
inalienáveis.
“Creio que o Brasil está em um momento determinante para
o futuro porque em termos de Amazônia Legal e seus aspectos econômicos, sociopolíticos,
político e de desenvolvimento, cultural, etc., está num momento muito decisivo para
desenhar o seu futuro, porque, por exemplo:
Há todo um grande conjunto
de projetos de desenvolvimento do governo, sobretudo em termos de construção de represas
para a energia elétrica e empreendimentos particulares, ou da iniciativa privada:
indústrias, agropecuárias, etc., que estão ali procurando produzir, É claro que isto
relança questões sobre como preservar a Amazônia na sua grande característica ecológica,
sobretudo. E a questão cultural, ou seja, como fazer com que os povos da Amazônia,
a começar pelos índios, possam até voltar a ser mais sujeitos de sua história. São
eles que a constroem e não outros de fora que a devem determinar. Isto é fundamental
para a identidade de uma região e para que ela possa de uma forma humanamente aceitável
se desenvolver. São eles que devem ser os primeiros a decidir como fazer o seu desenvolvimento,
como fazer a sua cultura se desenvolver, todos estes aspectos. É um momento para a
Igreja muito importante, porque a Igreja esteve presente na história da Amazônia desde
o início. Muitas vezes, a Igreja foi quase que a única ali, presente, em meio a estes
povos. Conhece a história, conhece a Amazônia e sua cultura; além de poder, deve ser
realmente uma luz para todo este desenvolvimento sociocultural e humano da região,
mas, sobretudo, aquela que leva uma evangelização adequada àquela história, povos
e culturas: uma evangelização inculturada, onde os índios devem merecer uma atenção
central, sempre. Hoje, eles são talvez minoria como população, mas são os povos originários
e, portanto, têm direitos inalienáveis que não podem ser negados nem esquecidos, mas
sim, apoiados e promovidos. Como fazer com que a Igreja tenha um rosto amazônico?
É o que o Papa está pedindo”.