Presidente das Pontifícias Obras Missionárias: Igreja africana é rica de vocações
Cidade do Vaticano (RV) - "Somos missionários com a nossa palavra, mas, sobretudo
com a nossa vida cristã? Com o nosso testemunho?" Ou somos "cristãos de sacristia,
somente de palavras, mas que vivem como pagãos?"
As palavras do Papa na audiência
geral de quarta-feira passada ressoam ainda mais forte com o aproximar-se do Dia Mundial
das Missões, este domingo, em vista do qual o Santo Padre pede a todos os fiéis que
abram o coração para as exigências da missão e expressem gestos de solidariedade em
favor das Igrejas jovens.
A esse propósito, eis o que nos disse o secretário
adjunto da Congregação para a Evangelização dos Povos e presidente das Pontifícias
Obras Missionárias, o arcebispo tanzaniano Protase Rugambwa, a quem a Rádio Vaticano
perguntou como o prelado, que vem de um país africano, acolhe esse convite expresso
pelo Papa:
Dom Protase Rugambwa:- "O convite do Papa é realmente
muito atual, sobretudo para nós que estamos nas Igrejas jovens, nas Igrejas que estão
crescendo, para que possamos ter, desde o início, esta visão de Igreja como una, a
Igreja missionária que deve caminhar, realmente sair... De fato, nós como cristãos
na África, estamos crescendo do ponto de vista da missionariedade... Mas devemos fazer
de modo que não seja a "Igreja africana", mas a Igreja entendida como Igreja universal.
E ter essa Igreja que cresce, mas olhando sempre também para além da África, para
além dos nossos confins."
RV: O senhor crê que nas Igrejas dos países mais
ricos, mais desenvolvidos do Ocidente, haja significativa atenção para as necessidades
das Igrejas mais jovens?
Dom Protase Rugambwa:- "Certamente. Agora
estamos falando também de cooperação missionária. Quando se fala de Igrejas jovens
– onde, graças a Deus, existem vocações para o presbiterato, por exemplo, para a vida
consagrada –, quando se vai a nossas comunidades ou mesmo seminários que estão cheios
de vocações, então nos perguntamos o que podemos fazer com essa realidade, com essa
sorte, que é um dom? Devemos pensar também em ir para fora, para além da África, para
evangelizar. Por exemplo, para a Europa, ou a América, ou ainda, outras partes do
mundo, onde há necessidade, devemos abrir os nossos olhos e ver que podemos ir também
a esses lugares a fazer esse trabalho importante, porque existe uma preparação adequada
para realizar esse trabalho, essa missão. Portanto, há também a validade dessa visão
de colaboração missionária."
RV: O Papa, em sua mensagem para o Dia Mundial
das Missões, repete que a Igreja não é uma organização assistencial, uma empresa,
uma ONG, mas é uma comunidade de pessoas animadas pela ação do Espírito Santo: pergunto-lhe
se a seu ver, talvez, em nossa época, não se pense pouco na presença do Espírito Santo
entre nós...
Dom Protase Rugambwa:- "Certamente, aí é preciso entender
bem que antes das estruturas, ou antes das ideologias, está Cristo, o amor, o Espírito
Santo que nos impele. É importante entender isso." (RL)