O Senhor dê à Igreja, a todos os cristãos, a coragem de despojar-se da mundanidade,
para seguir Jesus como Francisco
A Igreja, nós
memos, deve despojar-se da mundanidade - sublinhou o Papa, nas palavras improvisadas,
esta manhã, em Assis, na segunda etapa da sua viagem a Assis: o encontro com pessoas
pobres, assistidas pela Caritas diocesana, numa sala da casa episcopal, a chamada
sala do despojamento, em alusão ao conhecido episódio da vida de São Francisco, quando
se despiu das suas vestes, para seguir radicalmente Jesus pobre, despojado.
"De
que coisa se deve despojar a Igreja?" - interrogou-se o Papa. "Deve despojar-se hoje
de um perigo gravíssimo, que ameaça hoje cada pessoa na Igreja, todos: o perigo da
mundanidade O cristão não pode conviver com o espirito do mundo. A mundanidade que
nos leva à vaidade, à prepotência, ao orgulho. E isto é um ídolo, não é Deus. É um
ídolo!"
"Todos nós devemos despojar-nos desta mundanidade: o
espírito contrário ao espírito das bem-aventuranças; o espírito contrário ao espírito
de Jesus. A mundanidade faz-nos mal. É muito triste encontrar um cristão mundano,
seguro daquela segurança que lhe dá o mundo. Não se pode trabalhar dos dois lados.
A Igreja, todos nós, deve despojar-se da mundanidade que leva à vaidade, ao orgulho,
que é a idolatria".
Dirigindo-se às pessoas pobres ali presentes,
o Papa prosseguiu:
"Tantos de vós fostes despojados por este mundo selvagem
que não dá trabalho, que não ajuda. Não importa, não importa se há crianças que morrem
de fome, no mundo. Não importa se há tantas famílias que não têm que comer, que não
têm a dignidade de levar pão para casa. Não importa que tanta gente tenha que fugir
da escravidão, da fome e gugir procurando a liberdade e com quanto sofrimento, muitas
vezes..."
Neste contexto, não faltou uma alusão à terrível tragédia
dos mortos no naufrágio ao largo de Lampedusa:
"Vemos que encontram a
morte, como acontececeu ontem em Lampedusa. Mas hoje é um dia de choro! Estas coisas,
fá-las o espírito do mundo ... Esta mundanidade é uma atitude homicida. A mundanidade
espiritual mata! Mata a alma! Mata as pessoas! Mata a Igreja!"
Eis
uma parte das suas palavras, sentidas, tais como foram pronunciadas, de modo improvisado,
em italiano:
Seguidamente,
o Papa deslocou-se, em viatura aberta, à basílica de São Francisco, diante da qual
celebrará a Eucaristia, por volta das 11 horas. Antes ainda, visitou o interior
da basílica, saudou um a um os franciscanos presentes e desceu à basílica inferior
e à cripta, para rezar junto do túmulo do Santo.
Enorme a multidão de peregrinos
que convergiram paar Assis neste dia excepcional: uns 100 mil. Mil os jornalistas
que acompanham o acontecimento.