Rio de Janeiro (RV) - Com a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada
Face, Doutora da Igreja, iniciamos o mês de outubro, que é dedicado às missões e ao
rosário. Para nós, é também o mês da festa de Nossa Senhora da Penha que, do seu Santuário
Arquidiocesano, intercede por esta cidade maravilhosa. A imagem peregrina que percorre
os locais de trabalhos sociais em nossa Arquidiocese prepara a grande festa tradicional
e antiga. São 378 anos de existência.
Este mês está repleto de comemorações
litúrgicas que nos inundam no mistério do Cristo Redentor, cuja imagem do Corcovado
foi inaugurada no dia 12. Mas recordamos com muito carinho da festa de São Francisco
de Assis, a quatro de outubro, o santo que tem inspirado o querido e amado Papa Francisco
a dar uma nova face à nossa amada Igreja, e que, inclusive, contará com uma sua visita
especial à bela Assis, na região da Úmbria, na Itália. Celebraremos no dia 12, a Solenidade
de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira principal do Brasil; e,
no segundo domingo de outubro, neste ano no dia 13, a festa de Nossa Senhora de Nazaré,
padroeira da Amazônia, com o famoso Círio de Nazaré em Belém do Grão Pará, quando
mais de dois milhões de pessoas acompanham a berlinda levando a pequenina imagem da
Rainha do povo paraense. No dia 7 é a memória de Nossa Senhora do Rosário, que marca
também este mês e nos convida a contemplar os mistérios de nossa fé na oração do Terço.
Aqui nós comemoramos com o evento “Senhora do Rosário” que acontece neste final de
semana em nossa Catedral.
Aliás, este mês, com os dois temas: missões e rosário
o que demonstra bem a mística da Igreja que se move entre a ação e contemplação, oração
e trabalho. Embora tenhamos grupos especiais para cada situação de oração e missão,
essa espiritualidade deve estar em nossas vidas. Só seremos bons e animados missionários
se vivermos uma vida de intensa oração. E quem reza com o coração aberto como Santa
Teresinha, amando a Igreja, é missionário pela intercessão, pois realiza a missão
essencial para que o anúncio do Evangelho permeie a vida e o coração das pessoas.
Por isso, temos dois patronos das missões: Santa Teresinha e São Francisco Xavier,
significando essas duas faces do trabalho evangelizador da Igreja.
Para o dia
Mundial das Missões, quando faremos a coleta nacional nessa intenção, o Papa Francisco
enviou a mensagem sobre o tema da alegria em ser missionário. Será uma bela meditação
ler e refletir as palavras do Santo Padre. Aqui no Brasil, este mês é um dos meses
temáticos. Em consonância com os ecos da JMJRio 2013 e a Campanha da Fraternidade
deste ano, o mês missionário de outubro de 2013 tem como Tema: Juventude em Missão.
Lema: “A quem eu te enviar, irás” (Jr. 1, 7b). Alegra o nosso coração contemplar a
Igreja toda continuando a refletir sobre a importância da juventude. Por isso, uma
primavera missionária nos leva a considerar como fundamental na Igreja uma juventude
que é o principal protagonista da missão por todos os recantos do mundo.
Os
jovens são convocados pela Igreja para serem missionários, a levar adiante a caminhada
missionária no mundo como um todo e não apenas em nossas estruturas paroquiais e diocesanas.
Aliás, essa tem sido a insistência do Papa Francisco na questão da missionariedade.
A
Campanha da Fraternidade deste ano nos levou a ver em Isaías, jovem profeta que se
colocou à disposição de Deus para uma missão: mesmo que Isaías se sentisse pequeno,
ele não titubeou, mas deu o seu sim incondicional: “Eis-me aqui, envia-me” (Is. 6,
8)
Por isso, nossa juventude é chamada a responder com entusiasmo, como pediu
o Papa Francisco aqui no Rio de Janeiro: “A quem eu te enviar, irás” (Jr 1, 7b), a
todo o mundo não só ao meu grupo, minha comunidade, “Ide e fazei discípulos a todos
os povos”, (Mt. 12, 8).
O Papa Francisco, em sua mensagem para o Mês Missionário,
assinada no dia 19 de maio deste ano, assim nos advertiu acerca da necessidade de
sair das estruturas paroquiais e manifestar a nossa vocação missionária, particularmente
contando com o entusiasmo dos jovens em idade e dos jovens de espírito, levando a
Boa Nova de Jesus aos que vivem indiferentes à nossa fé, a este grande tesouro que
não podemos guardar somente para nós: "Além disso, em áreas sempre mais amplas das
regiões tradicionalmente cristãs, cresce o número daqueles que vivem alheios à fé,
indiferentes à dimensão religiosa ou animados por outras crenças. Não raro, alguns
batizados fazem opções de vida que os afastam da fé, tornando-os assim carecidos de
uma 'nova evangelização'. A tudo isso se junta o fato de que larga parte da humanidade
ainda não foi atingida pela Boa Nova de Jesus Cristo. Ademais, vivemos num momento
de crise que atinge vários setores da existência, e não apenas os da economia, das
finanças, da segurança alimentar, do meio ambiente, mas também os do sentido profundo
da vida e dos valores fundamentais que a animam. A própria convivência humana está
marcada por tensões e conflitos, que provocam insegurança e dificultam o caminho para
uma paz estável".
Tenho relembrado sempre “da mudança de época” em que vivemos
e da necessidade de uma adaptação missionária, como nos pede o Papa Francisco: "Nesta
complexa situação, onde o horizonte do presente e do futuro parecem atravessados por
nuvens ameaçadoras, torna-se ainda mais urgente levar corajosamente a todas as realidades
o Evangelho de Cristo, que é anúncio de esperança, de reconciliação, de comunhão,
anúncio da proximidade de Deus, da sua misericórdia, da sua salvação, anúncio de que
a força do amor de Deus é capaz de vencer as trevas do mal e guiar pelo caminho do
bem. O homem do nosso tempo necessita de uma luz segura que ilumine a sua estrada
e que só o encontro com Cristo lhe pode dar. Com o nosso testemunho de amor, levemos
a este mundo a esperança que nos dá a fé! A missionariedade da Igreja não é proselitismo,
mas testemunho de vida que ilumina o caminho, que traz esperança e amor. A Igreja
– repito mais uma vez – não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG,
mas uma comunidade de pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que viveram e
vivem a maravilha do encontro com Jesus Cristo e desejam partilhar esta experiência
de profunda alegria, partilhar a Mensagem de salvação que o Senhor nos trouxe. É justamente
o Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho".
As Pontifícias Obras Missionárias
do Brasil organizaram os vários subsídios da Campanha Missionária: o cartaz, a novena,
o DVD com testemunhos, principalmente de jovens missionários, folhetos com as orações
pelas missões, e envelopes para as ofertas no dia das Missões em favor das obras missionárias.
Lembro a todos que a missão nunca olha somente ao nosso redor, mas ela se abre para
o mundo, à universalidade. Jesus nos envia como discipúlos-missionários para todos
os povos, nações, línguas e realidades. Que sejam despertadas em nossos corações nossa
consciência missionária e a nossa vocação de informar, promover, animar a Igreja para
que seja discípula e verdadeiramente missionária. Mãos missionárias a levar o Ressuscitado
a todos os recantos do mundo!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ