2013-10-01 12:47:29

O IOR publica pela primeira vez o seu Relatório Anual. Von Freyberg: continuamos comprometidos com a transparência


O IOR publicou nesta terça-feira no site www.ior.va, o seu relatório anual relativo ao ano de 2012. Trata-se do primeiro relatório a ser divulgado ao público. Do documento - uma centena de páginas ao todo – nota-se que, em 2012, o IOR registrou um lucro líquido de 86,6 milhões de euros. Isto permitiu que o IOR pudesse fazer uma contribuição de 54,7 milhões de euros para o orçamento da Santa Sé. O relatório em si não é, portanto, uma novidade, é sim, pelo contrário, a sua publicação. Uma iniciativa que quer manter fé ao empenho pela transparência das actividades do Instituto, como sublinha o presidente do IOR, Ernst von Freyberg, no microfone de Bernd Hagenkord:

O documento que apresenta, hoje, é na verdade um documento longo e complicado, poucos vão ler e muito menos entender o que ele diz. Poderia explicar em poucas palavras o seu conteúdo?

R. – Apresentamos o primeiro Relatório anual em 125 anos de história do IOR. Contém uma descrição do nosso trabalho, um resumo de 2012 e os primeiros oito meses de 2013, as declarações dos nossos Superintendentes de vigilância, da Comissão dos Cardeais e do Prelado (do IOR). Além disso, o documento contém mais de 60 páginas de declarações financeiras detalhadas com uma auditoria completa da KPMG (Sociedade de Auditoria Internacional).

Precisa ser um contabilista para perceber estas páginas?

R. – Não é preciso ser um contabilista, se for ler a carta de apresentação e a descrição do nosso trabalho em 2012 e 2013, será capaz de perceber bem o que é o Instituto para as Obras Religiosas.

Em relação à KPMG: tivestes auditorias externas, que também foram incluídas no processo de preparação deste documento ...

R. – As contas do IOR têm sido controladas por muito tempo, sempre por sociedades de auditoria internacionais de boa reputação. Em 2013 elas foram auditadas pela KPMG. A coisa em si não é incomum para o Instituto, é incomum, sim, a prontidão de publicar tudo.

Há factos novos? O IOR atrai suspeitas e histórias nos media, como aconteceu recentemente. Há novos factos que explicam o que ele é, e o que faz?

R. – Para alguém que nos acompanhou ao longo dos últimos seis meses, não há factos novos em relação àquilo que fazemos, quem são os nossos clientes e o qual é a nossa missão. O que é novo são os detalhes. A coisa mais surpreendente é o facto daquilo que não é surpreendente. Pode ver uma instituição financeira gerida de forma conservadora que protege as acções, investe num âmbito muito conservador como os títulos públicos e os depósitos bancários. E verá uma instituição altamente capitalizada. Ao fim do ano passado, o nosso património líquido foi de 15%, que é bem superior ao de instituições financeiras semelhantes.

O relatório não é coisa nova, mas sim a publicação. Isto faz parte da vossa política de transparência?

R. – Esse é um elemento chave. Desde o passado mês de Março, iniciamos uma estratégia baseada em três pilares. Um deles é abrir e manter um diálogo com os meios de comunicação, dizendo como estão os factos de uma forma sistemática. E isto faz com que agora não tenhamos uma assessoria de imprensa para o IOR. O segundo elemento é a criação de um site que sirva como fonte digna de crédito sobre os factos do Instituto. O terceiro elemento é a publicação do relatório anual.

Para quem é escrito o relatório? Para os media, para o usuário comum, para os outros bancos?

Antes de tudo, nos dirigimos à Igreja. Existem cerca de um bilhão de católicos no mundo, que têm o direito de saber o que faz esta parte da Santa Sé. Também têm o direito de perceber como contribuímos para o bem-estar da Igreja no mundo. O segundo grupo são os nossos parceiros, ou seja, os nossos bancos correspondentes, que contam com o facto de que somos um 'parceiro em business’ sólido e bem gerido. O terceiro grupo é - como você disse, e com razão – o dos media, dos analistas financeiros que possibilidade de ter interesse, e o público em geral.

Você se ocupa das contas, como acabou de dizer. Como vai o controlo das contas e do trabalho em geral, no IOR?

R. – Vai bem. A partir de Maio empregámos o Promontory_group americano. Eles estão a rever cada conta e também estão a fazer investigações especiais para nós. Além disso, e juntamente com eles, examinámos os nossos procedimentos para tomar clientes e lidar com eles para nos assegurarmos que não haja nenhuma acção de reciclagem no Instituto. Os três projectos estão a decorrer de acordo com o plano, temos um novo manual, temos novos procedimentos e também estamos prontos para uma inspecção por parte de terceiros.

Empregastes esta empresa, a Promontory. Que importância tem, pessoalmente e para o Instituto, ter um apoio externo?

R. – É necessário por duas razões. A primeira é que precisamos de alguém com um conhecimento de vanguarda, que se ocupe destes processos várias vezes para diferentes instituições em todo o mundo. A segunda é igualmente importante: é uma grande quantidade de trabalho. Há 20, 25 pessoas (da Promontory) cada dia que fazem este trabalho. E nós na Sede, não teríamos estes recursos.

Nós dos meios de comunicação confiamos nas grandes palavras. Dizemos: "é a aurora de um novo dia", como li nos jornais hoje. Um outro afirma que se trata de uma "revolução". Para si, o que se passa neste momento no Instituto?

R. – É mais um passo rumo à criação de um Instituto conforme e transparente para o qual o Santo Padre decidirá mais tarde ainda este ano ou no próximo ano, em que direcção devemos seguir.

Ultima pergunta: qual será o vosso próximo passo?

R. – Percorremos um longo caminho na transparência e conformidade (compliance). O próximo passo importante será o de olharmos para o nosso serviço ao cliente e ver como podem melhorar os produtos como os serviços que lhes oferecemos.








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