O catequista é aquele que guarda e alimenta a memória de Deus – Papa na missa para
o Dia do Catequista na Praça de São Pedro
Hoje Jornada
do Catequista, o Papa Francisco presidiu à missa na Praça de São de São Pedro para
cerca de dois mil catequistas vindos de várias partes do mundo em peregrinação à Sé
de Pedro e para tomar parte no Congresso Internacional da Catequese, realizado nos
últimos três dias em Roma, no âmbito do ano da Fé. Com o Santo Padre concelebraram
numerosos bispos e padres da igreja universal, entre os quais D. Salvatore Fisichella,
Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, que lhe dirigiu
a palavra no final da missa.
Na sua homilia o Papa deixou-se inspirar pelas
palavras do Profeta Amós que diz: “Ai dos que vivem comodamente (…) e não se preocupam
dos outros”. Palavras duras – disse o Papa - mas que nos chamam a atenção para o perigo
que todos corremos. O perigo de termos como centro de tudo apenas o nosso bem-estar,
sem nos preocuparmos com os outros, com os pobres; o perigo de - tal como o rico
citado no Evangelho - perdermos a nossa identidade de pessoa, o nosso rosto humano,
e de termos como rosto e como identidade apenas os nossos haveres.
Mas porque
é que acontece isto, perguntou o Papa, respondendo que isto acontece quando perdemos
a memória de Deus:
“Se falta a memória de Deus, tudo se nivela pelo eu,
pelo meu bem-estar. A vida, o mundo, os outros perdem consistência, já não contam
para nada, tudo se reduz a uma única dimensão: o ter. Se perdemos a memória de Deus,
também nós mesmos perdemos consistência, também nós nos esvaziamos, perdemos o nosso
rosto, como o rico do Evangelho! Quem corre atrás do nada, torna-se ele próprio nulidade
– diz outro grande profeta, Jeremias. Estamos feitos à imagem e semelhança de Deus,
não das coisas, nem dos ídolos!”
E lançando o olhar à extensa Praça de
São Pedro, repleta de catequistas (entre os outros fiéis) o Papa perguntou-se:
“Quem
é o catequista”? É aquele que guarda a alimenta a memória de Deus; guarda-a em si
mesmo e sabe despertá-lo nos outros. É belo isto!”
É belo isto, prosseguiu
o Papa, referindo-se a Nossa Senhora que, depois de ter recebido o anuncio do Anjo
de que ia ser a mãe de Jesus, soube, de forma humilde e cheia de fé, fazer memória
de Deus.
A fé contém a memória de Deus, da história de Deus connosco, do Deus
que toma a iniciativa de salvar o homem - continuou o Papa, afirmando que “o
catequista é precisamente um cristão que põe esta memória ao serviço do anuncio: não
para dar nas vistas, nem para falar de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da
sua fidelidade. Falar e transmitir tudo o que Deus revelou, isto é a Doutrina,
isto é a doutrina na sua totalidade, sem cortar, nem acrescentar”
Uma
tarefa não fácil, a de guardar memória de Deus e despertá-lo na no coração dos outros,
pois que isto compromete a vida toda –continuou o Papa, recordando que o próprio Catecismo
não é senão memória de Deus, memória da sua acção na História, presença de Cristo
na sua Palavra… e aqui o Papa dirigiu-se directamente aos catequistas:
“Amados
catequistas pergunto-vos: Somos memória de Deus? Procedemos verdadeiramente como sentinelas
que despertam nos outros a memória de Deus, que inflama o coração (…)? Que estrada
seguir para não sermos pessoas “que vivem comodamente”, que põem a sua segurança em
si mesmos e nas coisas, mas homens e mulheres da memória de Deus?”
Como
resposta o Papa sugeriu as indicações dadas por São Paulo na sua carta a Timóteo e
que podem caracterizar também o caminho do catequista, isto é: procurar a justiça,
a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. E rematou:
“O catequista
é pessoa da memória de Deus, se tem uma relação constante, vital com Ele e com o próximo;
se é pessoa de fé, que confia verdadeiramente em Deus e põe n’Ele a sua segurança;
se é pessoa de caridade, de amor, que vê a todos como irmãos; se é “hypomoné”, pessoa
de paciência e perseverança, que sabe enfrentar as dificuldades, as provas, os insucessos,
com serenidade e esperança no Senhor; se é pessoa gentil, capaz de compreensão e de
misericórdia”
**
No final da missa, e antes da oração mariana do
Angelus, o Papa agradeceu todos, especialmente os catequistas vindos de tantas partes
do mundo e dirigiu uma saudação particular a Sua Beatitude Youhanna X, Patriarca greco-ortodoxo
de Antioquia de todo o Oriente, definindo-o irmão e dizendo que a sua presença nos
convida a rezar mais uma vez para a paz na Síria e no Médio Oriente…
Saudou,
entre outros, também um grupo de peregrinos de Assis vindos a Roma a cavalo, os peregrinos
da Nicarágua, país que celebra o centenário da fundação canónica da Província eclesiástica…
e concluiu recordando que sábado foi proclamado Beato na Croácia, Mirislav Bulevisic,
sacerdote, morto como mártir em 1947.
E no meio meio dum tripudio de bandeirinhas
amarelas e brancas, cartazes com frases saudando o Papa, rostos sorridentes e num
pano de fundo de cânticos, o Papa foi dando a mão, saudando prelados, padres, catequistas,
fieis… primeiro a pé e depois no automóvel papal até à Via da Concilição cheinha de
gentes de mãos no ar a acená-lo e sauda-lo com gritos de alegria…