Cidade do Vaticano (RV) – “O Filho do homem está para ser entregue em mãos
aos homens”: estas palavras de Jesus paralisam os discípulos, que imaginavam um caminho
triunfante. As palavras ficaram tão misteriosas para eles que não conseguiam compreendê-las
plenamente e tinham medo de perguntar alguma coisa sobre isso. Para eles, “era melhor
não falar”, era melhor não entender do que “entender a verdade” que Jesus dizia.
Papa
Francisco reconstruiu assim, na homilia da missa celebrada na manhã de sábado, 28,
na Casa Santa Marta, uma das páginas mais dramáticas do Evangelho, a que narra o medo
que tomou conta dos discípulos quando Jesus lhes anunciou sua própria Paixão.
“Tinham
medo da Cruz, medo da Cruz”, repetiu Francisco, recordando que o próprio Pedro, ao
ouvir o anúncio de Jesus depois da confissão de fé de Felipe na região de Cesareia,
disse “Não! Na Cruz não!”. O Papa explicou que Pedro também teve medo da Cruz, “mas
não eram só eles... O próprio Jesus tinha medo da Cruz!”.
Tamanho era o medo
que na noite de quinta-feira, Jesus suou sangue; quase disse “afasta de mim este cálice,
seja feita a tua vontade”. Esta disponibilidade para que a vontade de Deus se realizasse
“era a diferença”, explicou Francisco.
Aos cristãos de hoje, assim como dois
mil anos atrás aos discípulos de Jesus, a Cruz “atemoriza”, nos assusta também nas
obras de evangelização.
O Papa recordou que não há redenção sem a efusão de
sangue, não há obra apostólica fecunda sem a Cruz:
“Talvez nós pensamos,
cada um de nós pensará: E a mim o que acontecerá? Como será a minha Cruz? Não sabemos.
Não sabemos, mas haverá! Devemos pedir a graça de não escapar à Cruz quando ela vier:
com medo, sim, isso é verdade! Mas a sequela de Jesus termina aí. Vêm-me à mente as
últimas palavras que Jesus disse a Pedro, naquela coroação pontifícia no Tiberíades:
Me amas? Mas as últimas palavras eram aquelas: Vão levar-te onde tu não queres ir!
À promessa da Cruz.” (CM)