Síria: Jihadistas atacam igrejas e dividem oposição a Assad
Damasco (RV) – Rebeldes jihadistas ligados à Al Qaeda queimaram imagens e cruzes
em duas igrejas de Raqa, norte da Síria. O Observatório sírio para os Direitos Humanos
denunciou que nesta quinta-feira (26), os combatentes do Estado Islâmico do Iraque
e do Levante entraram na Igreja Greco-católica da Nossa Senhora da Anunciação, destruindo
imagens e móveis. O grupo repetiu os atos na Igreja Armeno-católica dos Mártires.
A cruz no alto da torre foi derrubada, sendo colocada em seu lugar a bandeira do movimento.
Raqa
e a sua província, às margens do Rio Eufrates, caíram nas mãos dos rebeldes em março
passado. Os combatentes impuseram à população a Sharia’ (lei islâmica). Os islâmicos
– ressalta a Agência Asianews -, atacam igrejas e mesquitas xiitas; realizaram execuções
sumárias de alawitas e são suspeitos de ser os responsáveis pelo sequestro de sacerdotes
e bispos.
Para o Observatório, estes ataques contra a liberdade religiosa “são
um ataque contra a revolução síria”. De fato, por causa da violência dos jihadistas,
muitos opositores de Assad abandonaram estes grupos e voltaram a apoiar o regime.
No início da resistência contra Assad – diz a Asianews - os rebeldes aplaudiram a
chegada dos grupos fundamentalistas vindos do Iraque, Arábia Saudita, Líbia, Chechênia,
Indonésia, Qatar e Egito. Mas pouco depois, abriu-se sempre mais uma divisão entre
as duas facções, a ‘laica’ e a ‘fundamentalista’.
Nesta quinta-feira (26),
11 grupos de rebeldes islâmicos anunciaram não reconhecer a autoridade da Coalizão
Nacional – a aliança que congrega todos os grupos de opositores ao regime sírio –
com base em Istambul. Entre os motivos alegados, está sobretudo o desejo de islamizar
de forma integral a luta contra Assad. Numa declaração tornada pública ontem, estes
grupos exortam “todos os militares e os civis a unirem-se sob uma clara proposta islâmica
baseada na Sharia’, que deverá ser a única inspiração da legislação”. (JE)