2013-09-21 09:35:09

Editorial: A missão de servir


Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 O que é governar? O que é ser político? O povo já está cansado deles? Por quê? Por que, para muitos, ser político significa ser delinqüente? Por que o descrédito para com a política e políticos? Nesta última semana, numa das celebrações eucarísticas matutinas na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa Francisco tomou como tema da sua homilia o serviço da autoridade, uma alusão a quem tem poder de decisão, os políticos, os governantes. Ele comentou o trecho do Evangelho em que o centurião pede a Jesus que cure o seu servo e a carta de São Paulo a Timóteo, com o convite a rezar pelos governantes. E citou duas características indispensáveis que um político deve ter: humildade e amor pelo povo.
Antes de continuarmos com as palavras do Papa vamos fazer uma imersão no termo política. Vamos voltar à antiga Grécia de onde vem esse termo que foi utilizado por muitas personalidades daquele tempo como, por exemplo, o filósofo Aristóteles. Para ele o homem é um animal político, pois necessita da companhia de outras pessoas, ou seja: a política refere-se à vida comum, às regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e às decisões sobre todos esses pontos.
O Papa Francisco afirmou sem meios termos que um “político que não ama, no máximo, pode colocar um pouco de ordem, mas não governar”: Não se pode governar sem amor ao povo e sem humildade! E todo homem e mulher que assume um cargo de governo deve fazer duas perguntas: “Eu amo o meu povo para servi-lo melhor? Sou humilde e dou ouvidos a todos, ouço várias opiniões para escolher o melhor caminho?”. Se estas perguntas não são feitas, não será um bom governante.
Se formos ao dicionário, governar é “exercer autoridade soberana e continuada... controlar e dirigir a formulação e a administração da política ... e, acrescente-se, melhorar continuadamente a qualidade de vida dos cidadãos em todas as áreas”.
A pergunta é: o cristão, o católico deve se interessar pela política, já que muitos definem o político como pessoa não confiável, e extremamente egoísta? O Papa Francisco dá a resposta; os cidadãos não podem se desinteressar pela política: Nenhum de nós pode dizer “não tenho nada a ver com isso, eles que governem...”. Ao invés, eu devo ser responsável pelo governo e devo dar o melhor de mim para que eles que governam, governem bem.
A política pode ter dois significados ou modos de pensar: a primeira certamente é a que diz respeito às relações sociais, à realidade social global, enfim à sociedade em geral. Saímos do âmbito estritamente pessoal para relações mais amplas. A segunda coloca em evidência o relacionamento entre política e poder. Assim uma ação política é aquela que visa a obtenção do poder e também mantê-lo.
A política – afirma a Doutrina Social da Igreja - é uma das formas mais altas de caridade, porque serve ao bem comum. Eu não posso lavar minhas mãos. Todos devemos oferecer algo!
Existe o hábito de somente falar mal dos governantes e criticar o que está errado. Fala-se sempre mal e contra. Talvez, disse ainda o Pontífice nesta semana, o “governante seja sim um pecador, mas eu devo colaborar com a minha opinião, com a minha palavra, e também com a minha correção”, porque todos “devemos participar do bem comum!”. Aí vem o chamado do Papa para que um bom católico, - ao contrário do que se diz, que “bom católico não entra na política” -, se empenhe na política oferecendo o melhor de si.
A Igreja exorta os cristãos leigos a entrarem na política para lutar por uma sociedade nova, onde todos possam viver dignamente. Outra coisa, ainda, é a politicagem: a política individualista ou de grupo, de interesse espúrio. O político deve servir. Aquele que serve não domina. Aquele que serve, despoja-se de seus interesses privados e investe sua vida em benefício de todos. Governar é cuidar todos os dias para que o bem floresça. Devemos combater a politicagem que vê a política como instrumento de poder e não de serviço, de ganho individual ou de grupo e não de bem comum, da coletividade. O convite é duplo: seguir os governantes e cobrar deles uma boa governança; e aqueles que foram eleitos, escolhidos pelo povo, olhar para o bem comum e o bem da sociedade. Muito ainda dever ser feito por ambos, cidadão e político, para que o homem seja o centro das atenções de quem detém o poder e governa. Nós como cristãos, como católicos não podemos ficar de fora, temos de fazer a nossa parte. (Silvonei José)







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