A freira católica Angélique Namaika foi agraciada com o Prêmio Nansen de Refugiados
- uma espécie de prêmio Nobel do mundo humanitário. O anúncio foi feito esta terça-feira,
em Genebra, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Irmã
Angélique, da Congregação das Irmãs Agostinianas, há 10 anos trabalha na remota cidade
de Dungu, no nordeste da República Democrática do Congo, com mulheres vítimas do conflito
congolês e, mais especificamente, da violência de gênero. Ela ajuda mulheres e
meninas deslocadas internas que foram forçadas a deixar suas casas por grupos armados,
incluindo o Exército de Resistência do Senhor (Lord’s Residence Army, LRA). Estima-se
que aproximadamente 350 mil pessoas tenham sido forçadas a deixas suas casas na região
de Dungu. A brutalidade do LRA é bastante conhecida, e depoimentos de mulheres confirmam
esta prática. A abordagem individual adotada pela Irmã Angélique no seu trabalho
ajuda as vítimas a se recuperarem de seus traumas. Além do abuso que sofreram, essas
mulheres e crianças vulneráveis são frequentemente condenadas ao ostracismo por
suas próprias famílias e comunidades. Énecessário um tipo especial cuidado e carinho
para ajudá-las a curar suas feridas e reconstruir suas vidas despedaçadas. Algumas
dessas mulheres congolesas encontraram refúgio no Brasil. As Caritas Arquidiocesanas
de São Paulo e do Rio de Janeiro trabalham em parceria com o ANCUR. O Brasil possui
cerca de 4.400 refugiados de cerca de 70 nacionalidades. Os congoleses representam
o 3º maior grupo (cerca de 13%), antecedidos pelos angolanos e colombianos. Larissa
Leita trabalha na Caritas Arquidiocesana de São Paulo e fala justamente da realidade
das refugiadas congolesas no Brasil: