Roma (RV) – Realiza-se na Sala da Paz, da Comunidade Santo Egídio, em Roma,
um Simpósio sobre o Tratado Internacional sobre o Comércio de Armas, aprovado pela
Assembléia Geral das Nações Unidas em 2 de abril passado e ratificado por 70 países.
Nesta terça-feira, às 16h30min, o Prêmio Nobel da Paz Oscar Arias Sánchez, ex-Presidente
da Costa Rica proferiu uma Conferência intitulada “O Pêndulo entre a concórdia e a
guerra”.
O Nobel da Paz centrou sua exposição na situação da Síria, defendendo
o diálogo e a democracia como forma de resolução de conflitos. “O povo sírio não
merece a pólvora dos morteiros, mas sim a tinta das urnas. Merece atenção e amizade
e não metralhadora”, afirmou, reconhecendo no entanto, não ser um processo fácil com
os elementos complexos em jogo. “O uso da força militar - observou - deve ser sempre,
sempre, a última opção sobre a mesa”.
Neste sentido, Oscar Sánchez destacou
então o papel do Papa Francisco em favor da paz: “Por isto aplaudo a valente decisão
do Papa Francisco em levantar a voz contra uma invasão militar. Não somente pelo poder
que tem a fé neste contexto, o poder de oração e da reflexão, mas também pelo poder
de denúncia. O Vaticano – prosseguiu – assim como meu pequeno país, não dispõe de
exércitos para ameaçar os povos. Porém dispõe de autoridade moral para exortar os
líderes que se apressem em depor as armas. Quanto espero que o Presidente Barack Obama
entenda que à estação da vida não se chega pelas avenidas da morte!”
No seu
pronunciamento, o ex-Presidente da Costa Rica alertou para o uso de armas de pequeno
porte, que são responsáveis pela maior quantidade de mortes violentas no mundo: “uma
arma química – disse - é abominável, pois gera a morte de milhares de pessoas inocentes
em questão de dias, senão horas. Porém seu poder aniquilador é inferior às 640 milhões
de armas pequenas e leves existentes no mundo”, que acabam caindo em mãos erradas.
“Se temos que ser consistentes, devemos aceitar que uma só vida merece proteção como
se fosse a mais preciosa neste mondo. Porque o é”.
Oscar Arias Sánchez, Presidente
da Costa Rica de 1986 a 1990, e posteriormente de 2006 a 2010, foi agraciado com o
Prêmio Nobel da Paz em 1987 por seu trabalho em favor da pacificação na América Central,
no âmbito das iniciativas promovidas pelo Grupo de Contadora, que levou à assinatura
de um acordo assinado em 7 de agosto de 1987 pelos Presidentes de 5 países centro-americanos.
O
Tratado Internacional sobre o comércio das armas obriga os países assinantes do acordo
a impor regras aos construtores de material bélico, a combater o mercado ilegal e
a regulamentar a exportação de armas convencionais. A Assembléia geral das Nações
Unidas aprovou o Tratado com 154 votos a favor, três contrários (Síria, Coréia do
Norte e Irã) e 23 abstenções, incluindo Rússia e China. O comércio legal de armas
movimenta anualmente US$ 80 bilhões de dólares. (JE)