Jornalista há anos amigo de Bergoglio: Francisco está levando ao mundo a ternura de
Deus
Cidade do Vaticano (RV) - Passaram-se seis meses – completados na última sexta-feira
– da eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio à Cátedra de Pedro, ocorrida em 13 de
março. Um período breve e, ao mesmo tempo, tão intenso que fez do Papa Francisco uma
figura familiar. Trata-se de uma opinião partilhada também pelo jornalista da agência
missionária "Fides", Gianni Valente, ligado a Jorge Mario Bergoglio por uma longa
amizade. A Rádio Vaticano o entrevistou:
Gianni Valente:- "O que
salta aos olhos é que nestes seis meses sentimos o Papa Francisco como alguém de casa;
tornou-se familiar para muitos de nós, para milhões de pessoas neste breve período.
Penso que para além dos momentos salientes, importantes – inclusive públicos –, que
dia a dia marcam este Pontificado, o eixo de tudo, a fonte de tudo são as homilias
por ele feitas na Casa Santa Marta, no Vaticano. O ponto de encontro entre esse Pastor
e a multidão de fiéis, inclusive de não-crentes, é justamente o horizonte da cotidianidade,
esse fluxo contínuo de vida e de estupor que, de certo modo, encontra a sua imagem
mais nítida no ter a possibilidade de todos os dias ouvir a sua palavra, a palavra
de um Pastor que lê o Evangelho e o comenta para todos."
RV: Há alguma
imagem do Papa, entre tantas outras, que particularmente o tenha impressionado ao
longo destes meses e que lhe pareça expressar, de certo modo, também o significado
mais profundo do seu serviço como Bispo de Roma...
Gianni Valente:-
"Recordo-me uma das primeiras audiências, em que abraçava os pais dos jovens portadores
de deficiência. Era um dia chuvoso. Havia a imagem de uma mãe que, comovida, chorava
ao ver o Papa olhando para seu filho. Essa imagem me impressionou porque tive naquele
momento a percepção de que quem quer que tivesse na família situações de dificuldade,
vendo aquela imagem, tenha se sentido confortado. O Papa, abraçando e beijando aquela
criança, abraçou todas as crianças que têm dificuldade e todas as famílias que vivem
essas situações."
RV: Você conhece o Pastor Jorge Mario Bergoglio há muitos
anos. O que o impressiona no homem Bergoglio nesta passagem entre o antes e o depois
de 13 de março último?
Gianni Valente:- "Certamente o olhar que tem
sobre as coisas permanece inalterado. Porém, como disse também o meu amigo 'Pe. Pepe',
o vi rejuvenescido. Isso é seguramente evidente, há nele uma energia, uma força que
é justamente a que faz parte da admiração que provoca em todos. E é sobretudo evidente
que essa energia não é fruto de um esforço ou de um entusiasmo pelo papel que recebeu,
mas é quase o fruto que brota de uma paz, da paz do coração. Isso é o que comunica
imediatamente. É evidente que o seu coração é abraçado e é carregado nos braços da
ternura de Jesus, e ele não quer dizer ao mundo nada mais que isso." (RL)