Duas africanas na conferência "Women in Business" em Milão
A Ministra dos Recursos Minerais de Moçambique, Esperança Bias, é uma das participantes
na Conferência “Women in Business” que tem lugar na tarde deste dia 17 em Milão.
A
iniciativa é da Companhia nacional italiana de petróleos, ENI, e da Deutsche Bank,
e quer ser uma ocasião para se reflectir sobre o contributo feminino no mundo da economia
e da política.
Segundo o jornal italiano de economia, “Il Sole 24 Ore”, Esperança
Bias falará do crescimento económico do seu país, pondo a tónica no desenvolvimento
do sistema energético e sobre a parceria entre os sectores publico e privado.
Mas Esperança Bias não a única africana a participar nessa importante conferência.
Segundo a mesma fonte deve estar também a Nobel da Paz liberiana Leymah Gbowee, galardoada
em 2011, com o prestigioso prémio, pela sua extraordinária actividade e capacidade
de envolver mulheres da Libéria no movimento não violento que contribuiu para a paz
no seu país. Em plena guerra civil, fundou, de facto, em 2000, com a activista nigeriana
Thelma Ekiyor a WIPNET (Rede de Mulheres para a Construção da Paz). Falará, portanto,
da sua experiencia a favor da participação das mulheres nos processos de democratização.
A Conferência “Women in Business” que se realiza hoje em Milão inscreve-se
na linha de uma série de conferências sobre este tema, que se vêem tendo lugar desde
1995, ano em que teve como palvo Nova Iorque. A partir dali foi a vez de Francoforte,
Londres, Singapura, Sidney, e agora Milão. O fio condutor é enriquecer o debate internacional
através do ponto de vista e da experiência directa das mulheres, sem deixar de lado
a visão masculina… Enfim, um confronto sobre temas de grande actualidade, para trazer
ao de cima a especificidade e a riqueza das visões femininas e masculinas com vista
num futuro melhor para a Humanidade.
Para além de Esperança Bias e de Leymah
Gbowee, participam no colóquio de Milão, outras cinco mulheres líderes italianas,
como Paola Severino, ex-ministra da Justiça e Professora de Direito penal, Lucrezia
Reichlin, Directora do Departamento de Economia da London Business School, ou a Irmã
Giuliana Galli, membro do Conselho Geral da Companhia de São Paulo. Das duas convidadas
africanas, espera-se – escrevia no passado dia 8 “Il Sole 24 Ore” não só a própria
experiência, mas também as “lições de vida” que se podem tirar da África, e em particular
das africanas.
Com efeito, lê-se ainda no jornal - “Bancos de Negócios e Institutos
de Pesquisa indicam a África como o novo motor para um novo arranque da economia a
nível global”. “Com um crescimento estável em volta de 7% e o controlo de 10% das
reservas mundiais de petróleo, de 8% do gás, o continente africano toma o lugar dos
BRIC”, os cinco países emergentes economicamente: Brasil, Rússia, Índia e China. Mas
o continente africano – continua o jornal - vê-se ainda confrontado com um quadro
politico muito instável que juntamente com a corrupção e o terrorismo favorecem o
aumento das discrepâncias económico-sociais. Com efeito, o número de pessoas que ainda
vivem com menos de 1$ por dia ronda os 70% da população africana.
O tema desta
edição de “Women in Business” é “Ultrapassar as Fronteiras”, ou seja igualdade de
género, igualdade na participação económica, a superação do fosso entre homens e mulheres,
mas também a promoção de acções de desenvolvimento sustentável e de colaboração concreta
entre os sectores privado, publico, sociedade civil, para favorecer processos de crescimento.