EUA/Rússia – acordo sobre armas químicas na Síria. Regime de Assad diz ser uma vitória
do seu governo
Os EUA e a
Rússia chegaram a um acordo no passado sábado para a eliminação das armas químicas
do regime de Bashar al-Assad. O plano prevê a entrega de uma "lista detalhada" do
arsenal sírio no prazo de uma semana e a sua destruição até meados de 2014. O acordo
alcançado prevê a entrada de inspetores das Nações Unidas na Síria nas próximas semanas,
"antes do fim de Novembro", e trava um ataque militar imediato por parte dos EUA. Os
pormenores do plano foram divulgados pelo secretário de Estado norte-americano, John
Kerry, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, no final de
uma ronda de negociações em Genebra, na Suíça, que começou na quinta-feira. Os
dois responsáveis anunciaram os pormenores do acordo numa conferência de imprensa
conjunta, em que a principal questão foi a decisão sobre o que fazer no caso de o
regime de Bashar al-Assad não cumprir os seus compromissos. O ministro russo afirmou
que o acordo alcançado neste sábado entre os dois países não contém nada que preveja
o uso da força; o secretário de Estado norte-americano disse que os EUA e a Rússia
não têm nenhum pré-acordo sobre medidas específicas a aplicar se Bashar al-Assad faltar
com a palavra. Por sua vez o regime de Bashar al-Assad reagiu neste domingo pela
primeira vez ao acordo alcançado no sábado pelos EUA e pela Rússia, classificando
o plano como "uma vitória para a Síria". Numa entrevista à agência russa RIA Novosti
citada pela edição on line do jornal Público, o ministro para a reconciliação Ali
Haidar disse que o acordo com vista à destruição do armamento químico do país vai
“ajudar os sírios a sair da crise e permite evitar a guerra contra a Síria, ao privar
de argumentos aqueles que a queriam lançar.” Para a oposição a Bashar al-Assad,
o acordo EUA/Rússia não traz nada que possa contribuir para o fim da guerra civil
na Síria, que já fez mais de 100.000 mortos em dois anos e meio. "Ajudar os sírios
significa parar a matança", disse um ativista da oposição à agência Reuters. Neste
domingo surgiram notícias de que aviões de guerra sírios bombardearam redutos rebeldes
da capital um dia depois da assinatura do acordo entre EUA e Rússia. O presidente
Barack Obama disse que ainda poderá lançar ataques se Damasco não seguir o plano de
desarmamento desenhado por Washington e pela Rússia aliada de Assad. As respostas
internacionais para o acordo de sábado foram cautelosas. Os governos ocidentais citaram
as enormes dificuldades técnicas de ser destruído um dos maiores arsenais químicos
no decurso de uma guerra civil. Entretanto está marcada para hoje a apresentação
do relatório da ONU sobre a utilização de armas químicas na Síria. Aguarda-se que,
a qualquer momento, Ban-Ki-Moon apresente as conclusões das investigações feitas pelos
inspectores das Nações Unidas no terreno. (RS)