Cidade do Vaticano (RV) - Dois eventos importantes
vividos nos últimos dias: o primeiro, a grande vigília de oração pela paz, convocada
pelo Papa Francisco, que se realizou no último dia 7 de setembro na Praça São Pedro,
no Vaticano; o segundo, os seis meses de Pontificado do Papa que veio “quase do fim
do mundo”. Começamos pela vigília de oração. De fato, no último sábado o mundo
parou para rezar pela paz. Por quatro horas, de todos os cantos do planeta elevaram-se
invocações a Deus pelo dom da paz; paz nos corações, paz nas nações. A Praça São Pedro,
no Vaticano, voltou a ser o coração de um desejo que ultrapassa fronteiras, o desejo
de paz. O desespero de quem padece a violência da guerra foi ouvido e amplificado
pelo Papa Francisco, que convocou homens e mulheres de paz e de boa vontade, cristãos
e não cristãos a se unirem numa prece ao Senhor da paz, para que o grito de dor dos
inocentes não seja sufocado pelo fragor das bombas, pelo silêncio diante da morte
e da indiferença. Muitos jejuaram e rezaram com o Papa, e os frutos dessa corrente
impressionante de intenções estão chegando. O temor inicial de uma ação militar contra
a Síria está sendo substituído pela esperança da razão e da vontade de paz. Os potentes
da terra param para ouvir o Papa Francisco e sua voz de paz ecoa em seus ouvidos.
“Há uma guerra mais profunda que todos temos que combater! É a decisão forte e corajosa
de renunciar ao mal e às suas seduções e de escolher o bem”, disse o Santo Padre.
Sim, a decisão a ser tomada para evitar a guerra, sinônimo de morte e destruição,
é assumir com coragem a renúncia ao mal. Nada de bom pode vir de bombas que ceifam
vidas inocentes sem distinção; nada de bom pode vir do ódio que leva a matar o irmão,
e que causa como consequência ações de vingança. É preciso dizer não, com coragem
ao ódio fratricida e às violências sob todas as suas formas, à proliferação das armas
e ao seu comércio ilegal. O Papa Francisco levantou a questão de maneira forte: a
guerra como forma de ganhar dinheiro, de vender armas de modo ilícito, de passar por
cima de vidas inocentes oferecidas no altar do lucro, da ganância sem medida. O Santo
Padre apelou às consciências daqueles que tem poder de decisão para que façam uma
escolha de ação em favor da "lógica do serviço", indo ao encontro de interesses de
paz e do bem comum. Já neste último dia 13, comemoramos os primeiros 6 meses de
Pontificado do Papa Francisco. De fato, se passaram seis meses da eleição de Jorge
Mario Bergoglio à Cátedra de Pedro, ocorrida em 13 de março último. Certamente um
breve espaço de tempo, mas que podemos definir de grande intensidade, durante o qual
Francisco se fez amar por católicos, demais cristãos e não cristãos. Diante do muito
que fez, - seus gestos foram inúmeros -, do que disse, parece que os seis meses são
muito mais do que simples 180 dias. Ele se tornou um de casa, da família de milhões
de pessoas. Seu sorriso, seus gestos, suas palavras afáveis e seguras encheram o coração
de muitos que se sentiam sozinhos nesta estrada de vida e de fé. O encontro com
“Francisco”, o nome já é um programa de vida e de pontificado, fez com que nos últimos
tempos, o Vaticano não fosse só a Casa do Papa, mas a casa de milhares de pessoas
que vem até aqui para ver, ouvir, e - por que não - tocar o Sucessor de Pedro. Sim
porque Francisco tocou o coração e a consciência de milhões de pessoas, e as pessoas
querem tocar o homem definido o “pároco do mundo”. Ele não fez nada de extraordinário,
simplesmente serviu como o Vigário de Cristo, aquele que acolhe, que gasta seu tempo
ouvindo, tocando e abençoando quem vem ao seu encontro. E ele também foi e vai ao
encontro daqueles que necessitam de apoio, de voz, de uma palavra, de um conforto,
de um carinho. Foi à ilha de Lampedusa, no sul da Itália, para falar do valor e dignidade
da vida de quem é obrigado a emigrar; encontrou pessoas necessitadas, telefonou –
isso é um caso à parte – para pessoas desesperadas sem luz no fim do túnel; foi ao
Brasil e conquistou um país inteiro, conquistou a juventude, sedenta de amor. Francisco
em seis meses demonstrou porque aceitou a missão de Sucessor de Pedro, colocando Cristo
e seu Evangelho em primeiro lugar: não só escutar a Palavra do Senhor, mas colocá-la
em prática, não ser um cristão adormecido, mas inquieto, e é isso o que ele prega
para todos os cristãos. Veio quase do “fim do mundo” e conquistou o mundo. Nossos
dias não seriam os mesmos sem as palavras deste homem de fé, que todas as manhãs na
sua capela da Casa Santa Marta, onde reside nos chama a atenção para as pequenas coisas
que são essenciais na nossa vida. De uma simples capela ele atinge o mundo e muda
a vida das pessoas. Seis meses durante os quais Francisco sacudiu a nossa consciência
de cristãos, mas também a consciência daqueles que dizem não crer. Reafirmou que somos
parte de um todo, de um incomensurável amor e que todos somos frutos de um pensamento
e não do acaso. O nosso coração bate diferente, aquecido pela certeza de não pulsar
sozinho. Obrigado Francisco. (Silvonei José)