Jales (RV) - Continua a angústia com la situação da Síria, envolvida em complicada
guerra civil que vem se prolongando, sem perspectivas de solução. Por mais
justa que possa parecer, a guerra traz sempre consigo graves equívocos, que desautorizam
sua opção. E quando se trata de guerra civil, as circunstâncias são ainda mais trágicas,
pois coloca em confronto cidadãos do mesmo país, apelando para a força das armas,
em vez de apostar no diálogo que a democracia possibilita. A complexidade
de uma guerra civil, coloca a difícil questão de discernir como e quando seria conveniente
uma intervenção com garantia da neutralidade, e com ascendência moral para levar as
partes em conflito a deporem as armas, e retomarem as negociações. Em princípio,
caberia às Nações Unidas tomar a iniciativa de persuadir as partes a abdicarem das
armas, e instaurarem um processo de reconciliação nacional. O organismo
previsto nos próprios estatutos das Nações Unidas para estas hipóteses seria o Conselho
de Segurança. Mas de novo assistimos ao triste espetáculo da incapacidade deste organismo,
que foi pensado para ser um primeiro esboço de uma espécie de “governança global”
de que a humanidade há mais tempo necessitaria. Por sua vez, quanto mais
complicada a situação do país envolvido em guerra civil, mais difícil se torna uma
ação externa com vistas a cessar os combates e providenciar a indispensável ação de
mediadores, com a garantia de neutralidade diante das posições contrastantes das forças
em combate. A recente experiência de diversas guerras ocorridas na complexa
situação do Oriente Médio, a lição mais clara parece ser esta: a intervenção militar
estrangeira em nada ajuda a solucionar os problemas. Ao contrário, acaba acirrando
os ânimos e radicalizando sempre pais as posições. Uma intervenção militar significaria
colocar lenha na fogueira. Ainda mais na complicadas situação dos países próximos
à Síria. O que não significa que todas as ações externas sejam vedadas.
Mas todas elas, devem ter o claro propósito de dissuadir as partes a continuarem o
confronto militar. Se possível, uma mediação que ajude a superar impasses, deveria
garantir a todas as partes envolvidas no conflito, que serão respeitadas, e poderão
contar com o efetivo apoio das outras nações para a consecução da paz.
Uma mediação muito importante e imprescindível, para a situação atual da Síria, é
continuar o esforço iniciado pelo Papa Francisco, procurando envolver a todos no esforço
de garantir as condições de paz para a Síria. Para isto, é bom colocar
o peso da instituição à qual cada um está integrado. Mas em casos tão complicados
e delicados com este que o povo sírio está vivendo, mais que as instituições, vale
o testemunho pessoal de quem goza de autoridade moral, que precisa ser sempre preservada
como patrimônio comum da humanidade. Todos nos damos conta de quanto
foi preciosa a iniciativa do Papa Francisco, de promover um dia de oração e de jejum
pela paz na Síria. Esta iniciativa deteve o ímpeto belicista do Governo dos Estados
Unidos, e conseguiu ao menos que a hipótese de uma mesa de negociações se torne possível
e seja assumida pelas partes envolvidas, como caminho de diálogo e de superação das
desavenças acontecidas. A solução deste difícil conflito é um desafio
que poderá significar a superação das causas que o produziram, e a confirmação do
Papa Francisco como personalidade de ascendência moral importante, de que a humanidade
tanto precisa hoje. Não podemos ficar em paz, enquanto povos irmãos se
digladiam em guerra. Que Deus atenda nossas preces, e ajude o povo sírio
a experimentar a nobreza de espírito das atitudes de perdão mútuo, de reconciliação
fraterna e de paz duradoura! D. Demétrio Valentini Bispo de Jales